fantasia literatura estrangeira

Resenha: The Young Elites, Marie Lu

15:04neo

The Young Elites Trilogy: The Young Elites | The Rose Society | Ainda sem título
Marie Lu
G.P. Putnam’s Sons Books
★★★
Estou cansada de ser usada, ferida e deixada de lado.
Adelina Amouteru é uma sobrevivente da febre de sangue. Dez anos atrás, essa doença mortal varreu sua nação. A maior parte dos infectados morreram, enquanto muitas das crianças que sobreviveram foram deixadas para trás com marcas estranhas. O cabelo negro de Adelina se tornou prateado, seus cílios ficaram pálidos e agora ela tem apenas uma cicatriz irregular onde seu olho esquerdo um dia esteve. Seu pai cruel acredita que ela é um malfetto, uma abominação, arruinando o bom nome de sua família e bloqueando o caminho de sua fortuna. Mas rumores dizem que alguns dos sobreviventes da febre possuem mais do que cicatrizes – muitos acreditam que eles detém dons poderosos e misteriosos, e apesar de suas identidades se manterem em segredo, eles começaram a ser chamados de Jovens Elites.
Teren Santoro trabalha para o rei. Como Líder da Inquisição Axis, é seu trabalho caçar os Jovens Elites, destruí-los antes que eles destruam a nação. Ele acredita que os Jovens Elites são perigosos e vingativos, mas é Teren quem pode possuir o segredo mais sombrio de todos.
Enzo Valenciano é um membro da Irmandade da Adaga. A seita secreta de Jovens Elites procura outros como eles próprios antes que a Inquisição Axis o faça. Mas quando os Adagas encontram Adelina, eles descobrem alguém com poderes como eles jamais viram.
Adelina quer acreditar que Enzo está do seu lado, e que Teren é o verdadeiro inimigo. Mas a vida desses três irá colidir de modo inexperado na medida que cada um luta uma batalha pessoal e diferente. Mas de uma coisa eles têm certeza: Adelina possui habilidades que não pertencem a esse mundo. Uma escuridão vingativa em seu coração. E um desejo de destruir todos que se atrevam a cruzar seu caminho.
É minha vez de usar. Minha vez de ferir.**
**tradução livre

Esse livro é meio difícil de avaliar.

Veja bem, o início é maravilhoso. Li o os dois primeiros capítulos (que estavam disponíveis antes do lançamento do livro) e os adorei tanto que mal podia esperar pela obra completa. Mas o caminho que a autora escolheu para essa história me incomodou bastante. É mais uma questão de gosto pessoal mesmo, mas eu odeio, odeio mesmo, quando o protagonista de um livro é forçado a se tornar espião para salvar alguém ou garantir algo para si mesmo, e é isso que acontece com Adelina já no início. Após ser salva da morte pela Dagger Society, ela é meio que forçada a passar informações sobre o grupo para a Inquisição, que mantém sua irmã prisioneira. Quando percebi que era isso mesmo que ia acontecer toda a vontade que eu tinha de ler esse livro sumiu. Fiquei chateada. De verdade.

Eu nem sei direito de onde o ódio que tenho por esse tipo de plotline veio, mas acho que Feios é um bom candidato a culpado. Como eu disse, é uma questão de gosto pessoal; não gostei deJogos Vorazes por um motivo parecido (com tanta coisa para se fazer com uma ideia ótima que nem Jogos Vorazes tinham que enfiar aquilo de romance falso? Enfim), e as três histórias (The Young Elites, Feios e Jogos Vorazes), na minha opinião, poderiam ter sido tão melhores se tivessem deixado de lado essas plotlines simplistas e sem graça. Mas né, agora já foi.

Outras coisas me incomodaram também. Primeiro, não consegui me conectar tanto quanto pensei que me conectaria com a Adelina. Acho que a culpa aqui é da narrativa em primeira pessoa. O que, novamente, pode ser gosto pessoal; nunca consegui me conectar bem com histórias contadas em primeira pessoa porque várias vezes não vejo motivos para levar o que quer que o personagem esteja dizendo (ou interpretando) a sério. Terceira pessoa tornaria esse livro tão melhor que eu me entristeço só de pensar na oportunidade perdida.

Segundo, o romance. Não, ele não foi de todo ruim. Tipo, comparado com esses YAs por aí (com a única exceção de Os Garotos Corvos), o de The Young Elites é muito, muito melhor. Mas poderia ter sido tão bem melhor explorado. Eu não vi nenhum motivo para a Adelina se apaixonar pelo Enzo (dessa vez não posso nem dizer que foi porque ele era bonito, já que tinha gente mais bonita por perto), então não fui nem um pouco convencida pelos dois. Simplesmente não funcionou comigo.

Mas tirando isso, eu adorei o livro.

Primeiro, adorei as relações entre os personagens. A de Adelina e sua irmã, Violetta, é a mais rica do livro e foi bem explorada pela autora (amém). Foi bem interessante ver a Adelina dividida entre ciúmes, ódio e amor por sua irmã mais nova, e a resolução final de Adelina sobre o assunto me satisfez bastante. Amei a amizade entre Enzo e Rafaelle e a entre Rafaelle e Adelina (porque garotas e garotos bonitos podem ser amigos yay), e o relacionamento entre os membros da Dagger Society também foi ótimo. Tirando Luck in the Shadows, não leio um livro com relacionamentos tão prazerosos de se ler desde Captive PrinceAprendiz de Assassino.

Também gostei dos personagens, mas muitos não foram tão bem desenvolvidos quanto os principais (Adelina, Enzo, Rafaelle e Teren são os que recebem mais destaque), tanto que de vez em quando eu até me esquecia quem da Dagger Society fazia o quê. Meu preferido, de longe, foi o Rafaelle, seguido pela própria Adelina (desculpa, Enzo, você não teve nem um tico de chance). Adelina é ótima também porque é bem diferente das protagonistas que vemos por aí; ela realmente sente prazer ao machucar/matar/causar medo, mesmo que se sinta culpada depois, e mata de verdade. Foi um alívio ver uma personagem que deveria ser perigosa realmente o sendo (sinta essa indireta, Celaena e Cassie).

Mas o que me conquistou mesmo foi o final. O final provou que Marie Lu não está escrevendo uma série sobre Adelina e Enzo, mas sim sobre Adelina apenas, e pelo livro ser um YA esse é o acontecimento do século para mim. Nem mesmo Os Garotos Corvos se destacou nesse sentido (afinal, a história lá é sobre a Blue matando o interesse romântico dela, então ainda é sobre os dois e tal). The Young Elites não foca no romance, e sim na própria Adelina (nela até mais do que no plot) e em seu desenvolvimento (ou regressão, em alguns sentidos). Eu amei o final. Me surpreendeu de verdade (tive até que ler a mesma página duas vezes para ver se não estava entendendo errado lol). Foi tão bom que dos 24 livros que li esse ano até agora, The Young Elites se tornou o segundo a me fazer ficar morrendo de vontade de ler o próximo. E é o primeiro a me fazer temer pelo meu personagem preferido, já que algo me diz que ele vai se ferrar bonito nos próximos volumes. Well.

Enfim, infelizmente, The Young Elites não vai entrar no meu top de livros preferidos, mas certamente está disputando o primeiro lugar como meu YA favorito com Os Garotos Corvos. Talvez se a plotline de tornar a Adelina uma espiã não existisse... Mas, como eu disse lá em cima, agora já foi. 3.0 estrelas para The Young Elites.

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