dicas de escrita escrita planejamento

Dicas de escrita: preparação - planejando o plot de uma série

16:00neo

(Na época em que escrevi esse post estava determinada a escrever minha série principal, A Canção da Fúria, antes de qualquer coisa, mas faz um tempo que a deixei de lado para me dedicar a um projeto mais simples. Ou seja, deixarei A Canção da Fúria para quando eu for uma escritora melhor).

Ou: como planejei o plot de sete livros em uma semana.

Todo mundo sabe que eu venho tentando escrever um livro desde 1.500 a.C, né? Se sabem, provavelmente se lembram do fato de eu nunca ter terminado o diabo do livro, sempre desistindo mais ou menos na metade. Obviamente não sou a única a passar por esse tipo de coisa, e as causas desse “bloqueio” podem ser várias, mas na maior parte das vezes ela é simples: falta de planejamento. 

criando personagens dicas de escrita escrita

Dicas de escrita: criando personagens - heróis e anti-heróis

17:14neo

Foi-se o tempo em que heróis eram os únicos protagonistas que víamos por aí; os anti-heróis estão se tornando cada vez mais comuns e mais aclamados, ganhando a simpatia e a preferência de muitos leitores. Mas, ainda assim, o herói continua como o tipo de personagem mais usado e, quando bem escritos, amado pelo público. Com ambos sendo tão popular, às vezes fica difícil decidir qual deve ser o protagonista de sua mais nova história.

Heróis e anti-heróis são, como seus próprios nomes dizem, bem diferentes. Heróis são personagens indiscutivelmente bons, frequentemente movidos pela honra ou por morais convencionais, e por isso são considerados os verdadeiros “mocinhos”. Fazem de tudo para superar seus defeitos e são vistos como exemplos, e quando cometem erros ou desviam do “caminho certo” são consumidos pela culpa. Já os anti-heróis não são tão “perfeitos”; na verdade, eles possuem sua própria moral, são ambíguos e seus defeitos são bem mais marcantes. Anti-heróis fazem coisas que muitas vezes não são vistas como certas – como beber demais, usar drogas, xingar e ser o típico cafajeste. Para resumir, enquanto o herói é movido pela vontade de fazer o bem/o certo, o anti-herói pensa bem mais em manter a si próprio vivo, sendo, portanto, mais egoísta. O herói serve aos outros; o anti-herói serve apenas a si mesmo.

Mas espere aí, heróis não são simplesmente os protagonistas então?
a canção da fúria diário de escrita escrita

Diário de Escrita - As mulheres de A Canção da Fúria

19:38neo
arte por Julie Dillon
Sim, eu ia postar isso um dia depois do dia das mulheres, mas acabei esquecendo. Oops.

Anyway, acho que já disse isso aqui umas duzentas vezes, mas meu atual projeto, A Canção da Fúria (que pode ou não mudar de nome - de novo - em breve), nasceu justamente do fato de eu estar cansada dos livros quase sem mulheres que povoam o gênero de fantasia. Então já estão avisados: muita mulher adiante.

PS: Imagens lembram as personagens, mas não são, obviamente, exatamente como elas.

PS2: Boa parte das sociedades que construí para A Canção da Fúria não possuem um sistema binário de gêneros. Ou seja, algumas mulheres dessa lista não são mulheres, mas aí eu teria que explicar duas sociedades e isso fica pra outro post. Nesse outro post direi qual o gênero verdadeiro delas, mas por enquanto, infelizmente, vejamos tudo pelo sistema binário.

Ou seja, essa lista é na verdade as AFABs (assigned female at birth/atribuído [o gênero] mulher ao nascer) de A Canção da Fúria. Ou as que seriam AFABs no ~nosso mundo~, já que nenhuma das duas sociedade não-binárias de Arzanael atribuem gênero algum à pessoa ao ela nascer.
Mas enfim, vocês me entenderam.

PS3: Na verdade, uma dessas ~mulheres~ não é AFAB, mas não colocar ela aqui não faria muito sentido.

ANYWAY, a lista:

diário de escrita escrita

Diário de escrita: sobre a busca da perfeição (mais o mapa do mundo da minha história!)

20:44neo

Como já disse aqui no blog, faz uns oito anos que estou escrevendo meu primeiro livro, O Olho da Serpente. A verdade é que bem antes dos meus 11 anos (quando comecei) eu já pensava na história, mas não arranjava coragem para escrevê-la e sequer fazia ideia de como essa coisa de escrever funcionava. O meu "ter uma história" era assistir filmes e animes, ler livros e jogar vários jogos de MMORPG e ir alterando-os do modo que eu acreditava ser melhor e enfiando minha protagonista, Nienna (que era Nienna e depois Linnea, mas que hoje é Nienna de novo) em tudo. Essa época foi boa porque me serviu de inspiração, mas estar com uma história na cabeça há tanto tempo pode ser algo ruim. Para falar a verdade, a essa altura do campeonato eu sequer me lembro da época em que eu não estava pensando em O Olho da Serpente, e o fato de eu estar escrevendo há tanto tempo faz a pressão para tudo ser perfeito algo esmagador. As resenhas negativas que dou a torto e a direito também estão aí, quase um lembrete de que se eu quiser ter direito para falar sobre um livro devo no mínimo fazer um melhor.

Mas falar é fácil, claro. Fazer é que é difícil. Muito difícil.
a canção da fúria como comecei a escrever escrita

Escrita: Como As Crônicas de Erne se tornou A Canção da Fúria

15:46neo

Eu queria uma história ambientada em um mundo tão fantástico quanto o de O Senhor dos Anéis, então obviamente acabei copiando as principais características de Arda.

É sério. O mundo - que na época se chamava Erne - era praticamente Arda em um universo alternativo; havia dois reinos humanos (equivalentes a Gondor e Rohan, claro), dois reinos élficos (tipo Lothlórien e Mirkwood) e até mesmo um reino anão, e o "clima" de tudo era muito parecido com o de O Senhor dos Anéis. A protagonista se chamava Nienna e era uma princesa (élfica, óbvio) que havia sido expulsa de seu reino (nem lembro o motivo) e que tinha se tornado mercenária. A história começava quando o amigo mais próximo de Nienna (o único, na verdade), Leori - sim, ele mesmo, para quem já leu alguma versão postada de O Olho da Serpente - lhe convida para ser a guia de um grupo que está planejando uma viagem para a região onde o reino élfico de Nienna era situado. Meio à contragosto, ela aceitava a proposta.

Por que o grupo - que incluía Secklos, Aart e um humano cujo nome nem lembro - estava indo para a região do reino de Nienna? Eu não fazia a mínima ideia. O que aconteceria uma vez que eles chegassem lá? Também não sabia. Como diabos aquela história, cujo título eu já tinha decidido ser Enyn Lenare (zero ideia do que isso significava na época), daria continuidade em mais outros dois livros da trilogia As Crônicas de Erne? Novamente, eu não fazia ideia. 

Como podem ver, a coisa toda foi "tenho uma ideia de um personagem - Nienna -, então vou começar a escrever do nada mesmo porque provavelmente coisas vão aparecer" com o único problema de que nada apareceu e de que Nienna era uma completa Mary Sue. Ela era boa em tudo; magia (que eu também não fazia ideia de como funcionava), arquearia, luta com espadas, etc, e ainda era muito inteligente e bem bonita. Gosto de pensar que eu estava tentando criar uma personagem feminina tão incrível quanto os homens que eu tinha visto em todos aqueles, livros, filmes e jogos, mas a verdade é que eu não sabia escrever ou construir personagem, e estava fazendo tudo "às cegas" mesmo. Nem preciso dizer que a história não foi pra frente. Escrevi umas 30 ou 40 páginas e deixei tudo de lado. Para mim, eu ainda era muito nova (11 anos na época) e provavelmente conseguiria escrever o que vinha depois quando fosse mais velha (ou seja, sou a alma da preguiça desde sempre).

Dois anos se passaram sem que eu escrevesse muita coisa. A história ainda estava na minha mente, mas a ideia de que eu era muito nova ainda estava entranhada no meu modo de pensar, então eu nem dei muita atenção à As Crônicas de Erne ou a qualquer outra coisa. Mas com 13 anos, na sétima série, descobri que uma das minhas colegas também escrevia, mas ela escrevia romance paranormal e não fantasia. Eu nunca tinha encontrado outra pessoa que gostasse de escrever, então fiquei super animada e disse que queria escrever também. Ela  perguntou o quê. Eu menti dizendo que ainda não sabia. Por fantasia ser considerado algo predominante masculino, fiquei com vergonha de admitir que praticamente só gostava desse gênero. 

Essa minha colega (chamemos-a de K) postava sua história em um blog e tinha muitos leitores. A coisa toda me deixou fascinada. Nunca tinha pensado em postar nada meu na internet e a ideia de publicar um livro era (ainda é) algo estupidamente distante, possível talvez em um futuro muito, muito longe. Ela terminou o livro em alguns meses, que ficou com mais ou menos 100 páginas (era bem pequeno mesmo) e seus leitores imploraram para que ela tentasse publicar, mas K disse que era só um hobby e que jamais tentaria publicar nada. Eu fiquei até atordoada com isso; nem imaginava que houvesse algum escritor que não quisesse publicar um livro na época.

O fato de K - e outra colega minha, que chamarei de P - estar escrevendo um livro me fez perceber que talvez eu não fosse tão nova assim. Resolvi voltar a escrever e comprei um caderninho. O único problema foi que a história que eu comecei naquele dia foi um romance.


Sim, eu cheguei a tentar escrever um romance. Era o que P e K escreviam, então eu meio que...fui na onda (ô maria vai com as outras, hein?). A coisa infelizmente (ou não) não durou mais do que duas semanas. Escrevi seis capítulos minúsculos e desisti. Eu até fazia ideia de onde a história estava indo, mas não estava lá muito interessada em continuar e tudo estava me deixando entediada. Cheguei à conclusão de que simplesmente não nasci para escrever algo sem pelo menos um elemento sobrenatural ou fantástico e parti pra outra.

E essa outra foi o romance paranormal.

Dessa vez a coisa fluiu. Escrevi dez capítulos e mais de 80 páginas, mas o par romântico da protagonista sequer apareceu (porque eu + romance = error). Essa história, que se chamava Solitude, era praticamente As Crônicas de Erne no nosso mundo. Nienna passou a se chamar Natasha e não era mais uma princesa, mas sim a última de uma família de descendentes de anjos extremamente poderosa. No mundo de Solitude a guerra mais cliché de todos os tempos se desenrolava; de um lado, descendentes de anjos e do outro descendentes de anjos caídos. Os anjos caídos estariam em maior número e os anjos, sempre protegidos por sete famílias reais, estariam entrando em extinção graças ao assassinato dessas famílias e a queda dos escudos que protegiam sua cidade secreta, Smeriard. Um dos aspectos que eu mais gostava nessa história é justamente as sete famílias, já que cada uma tinha seu próprio símbolo e "governava" uma parte do mundo (os humanos não sabiam de sua existência, mas elas tinham muita influência nos países/continentes em que se encontravam).

Solitude foi postada online, em um blog. Eu não fazia ideia de como divulgá-lo, então não tinha leitores e, sem saber o que fazer, acabei abandonando-o. Nessa época acabei descobrindo a comunidade de uma história, Sacerdotes, no Orkut, e lá havia um tópico chamado "escritores da comunidade" onde praticamente todo mundo só escrevia fantasia. Me animei de novo para As Crônicas de Erne e foi aí que a história ganhou sua segunda versão.

Essa nova versão se chamava A Herdeira dos Elfos e era muito mais parecida com A Canção da Fúria. Nienna passou a se chamar Linnea (porque eu li O Silmarillion e descobri que uma das "deusas" de Tolkien se chama Nienna, então achei melhor mudar), Leori continuou se chamando Leori, Aart continuou Aart e Secklos, que viria a se chamar Lieth no futuro, continuou Secklos mesmo. Os principais elementos da história como ela é hoje foram introduzidos aqui: Linnea sem memórias e bem mais nova, a existência da Outra, Leori e Linnea sendo perseguidos pelos draanils por motivos desconhecidos, os lobos da floresta, etc.

O primeiro livro passou a se chamar A Ladra e o Mestiço, e os outros dois se tornaram A Ladra e a Princesa e A Ladra, o Dragão Negro e o Traidor (sim, muito originais, eu sei). Comecei a escrever o primeiro e a postá-lo em uma comunidade no Orkut que levava o nome da série. Dessa vez consegui divulgar e por isso a comunidade chegou a ter o incrível total de 100 membros, dos quais apenas uns cinco ou seis comentavam a cada capítulo postado. Foi uma experiência ótima, mas eu ainda não sabia bem para onde a história estava indo, embora dessa vez tivesse uma vaga ideia do que aconteceria em cada livro da trilogia.

Eventualmente acabei parando de postar justamente por causa da falta de planejamento e porque estava achando tudo horrível. Me afastei da escrita mais uma vez, mas apenas por algumas semanas, e acabei por fim migrando para a Só Webs, uma comunidade onde todo mundo podia criar um tópico e postar sua história sem maiores problemas.

Uma coisa que ajudou muito minha escrita foi as Competições de Texto da SW. Quando eu cheguei lá, em novembro de 2010, elas funcionavam assim: alguém no tópico dava um tema, três palavras e um tempo, que podia variar de 30 minutos a uma ou duas horas, e quem quisesse/estivesse no tópico escrevia um texto baseado nesse tema que tinha que ter essas três palavras. Ao final do tempo dado, a pessoa que tinha escolhido o tema avaliava todos os textos e indicava no que o escritor tinha que melhorar (na opinião dela, claro).

Escrevi muito nessas Competições de Texto, as CTs, tanto que cheguei a ter 100 páginas só de textos, a maioria bem curtos, com uma página ou menos. Fiquei só nos tópicos de CT por algum tempo, até que no início de 2011 tomei coragem e comecei a postar Solitude lá na SW. Não postei A Ladra e o Mestiço porque não tinha uma história sequer de fantasia em mundo secundário na comunidade, então fiquei com medo de não conseguir leitores. Solitude me pareceu bem mais compatível com o gosto das pessoas que frequentavam a SW.

Mas a empreitada não foi lá um sucesso. Em mais de quatro meses de postagem mal consegui 1.500 posts no tópico de Solitude e aquilo me desanimou pra caramba, mas valeu muito a pena; até hoje sou amiga de uma pessoa que conheci enquanto postava Solitude (oie, Mells <3) e a própria experiência me fez ver mais ou menos o que o leitor esperava da história, assim como tinha acontecido quando postei A Ladra e o Mestiço em uma comunidade própria.

Depois dessa decepção coloquei Solitude na gaveta e comecei a pensar em outras histórias. Durante boa parte de 2011 tive uma "explosão de ideias" que culminaram em vários projetos que tenho hoje: Império de Sangue, Lynrië, Arcanjo, Lyon Î©1307, Rosas Sangrentas, Inverno, Língua dos Lobos e até mesmo uma outra história derivada também de As Crônicas de Erne, chamada A Guardiã de Ethryon, que conserva muito mais características da versão original do que A Canção da Fúria. Cheguei a postar previews de Lynrië, Império de Sangue e Rosas Sangrentas na SW (previews eram tópicos em que os autores postavam trechos ou perfis de personagens da história para atrair leitores até que o tópico oficial fosse criado), mas nada foi pra frente. Eu simplesmente não gastava tempo algum planejando nada, mas estava de volta à fantasia, sendo ela urbana (Rosas Sangrentas, Língua dos Lobos e Lyon Î©1307), alta (LynriëImpério de Sangue, Inverno e A Guardiã de Ethryon) e até mesmo minha primeira (e única) fantasia (quase) histórica (Arcanjo). Essa época foi muito boa pra mim porque foi literalmente o período em que tive mais ideias e que explorei mais o que me agradava em livros que eu lia e que portanto era o que eu queria escrever.

No final de 2011 finalmente tomei vergonha na cara e me preparei para postar uma nova versão de A Herdeira dos Elfos na SW. Como sou a rainha da originalidade (ha ha ha), mudei o nome da série para Linnea apenas e ela se transformou em um ciclo de quatro livros intitulados Lua Vermelha, Fogo e Gelo, Sol Negro e Fúria Sombria. Muitos outros elementos da versão de hoje foram introduzidos aqui: a profecia da Lua Vermelha e do Sol Negro, Amon-Elth, uma total reformulação dos elfos e draanils, que ganharam cada um cinco linhagens, a exclusão dos anões, a criação de um vilão em forma de pessoa, o Layel (antigamente só o reino dos draanils que era o inimigo e fim) e, o que considero talvez o mais importante, a criação do Cataclismo.

A preparação das previews de Lua Vermelha foi um ponto em que "investi" muito. Fiz cinco, com cerca de duas semanas de intervalo entre cada, uma sobre a história no geral, outra sobre Linnea e Leori, a terceira sobre a Outra, a quarta sobre os elfos de Lithrien e a quinta e última sobre os elfos de Ilidriel. Lua Vermelha estreou na SW em 21 de janeiro de 2012 e fez muito mais sucesso do que eu jamais tinha imaginado. Postei-a por cerca de nove meses e quando decidi parar, no final de 2012, o tópico já chegava a 130 mil posts. A comunidade da história chegou a acumular 500 membros, muito mais do que os 100 de A Herdeira dos Elfos ou os 150 de Solitude.

Nunca escrevi tanto quanto escrevi nesses nove meses em que postei Lua Vermelha. Foram 350 páginas e 19 capítulos que quase completaram a primeira parte da história, Névoa. Nesse meio tempo acabei reescrevendo e mudando várias coisas que originaram uma nova versão, com o mesmo nome e o mesmo número de livros, mas que introduziu Lífthrasir, o antagonista atual, que considero muito melhor que Layel (que era praticamente malvado por ser malvado) e a conspiração pela trono de Anaruen. Descobri nesses nove meses que também só funciono a feedback: alguém pedia para eu postar algo e eu escrevia na hora mais de 800 palavras, chegando a repetir esse processo até dez vezes um dia. Escrevi tanto que finalmente planejei a história até o final; acredito que se eu tivesse continuado Lua Vermelha teria sido escrito por completo.

Mas eu parei, e parei por achar tudo um horror. Minha escrita naquela época era basicamente um festival de infodump e de personagens rasos (a Linnea continuava uma Mary Sue, e uma Mary Sue chata e mandona). Nessa época a SW já dava alguns sinais de que estava definhando; os autores das webs mais famosas há muito tinham deixado a comunidade, as CTs eram cada vez mais raras e a comunidade que antes mal chegava a ficar 2 minutos sem um comentário em um dos tópicos via cada vez mais intervalos de 5 ou 10 minutos entre um post e outro. Com o tempo eu e minhas amigas mais próximas, que conheci através da postagem de Lua Vermelha, deixamos a SW.

2013 trouxe a quinta versão da série, que continuou com quatro livros, mas passou a se chamar As Crônicas do Exílio. Reescrevi quase 300 páginas e já na metade do ano voltei a achar a escrita horrível. Resolvi reescrever de novo, dessa vez usando pela primeira vez o In Media Res, que literalmente significa "no meio das coisas", ou seja, decidi começar Lua Vermelha no que seria uma reformulação no seu quarto capítulo. Essa sexta versão só teve cinco capítulos antes que eu desistisse mais uma vez.

Passei meses sem escrever nada. Usava a desculpa de que estava no terceiro ano, mas na verdade eu já estava cismada com o início da história e não queria escrever para ter que apagar e começar de novo depois. Mas no início de 2014 voltei para a história e a reformulei mais uma vez, dessa vez de forma precisa e eficiente.

Lua Vermelha, Fogo e Gelo, Sol Negro e Fúria Sombria se tornaram O Olho da Serpente, O Coração do Caos, Os Ossos do Mundo e A Canção do Silêncio, e As Crônicas do Exílio passou a se chamar Aëssya. O reino humano de Gorgonak desapareceu e em seu lugar foram criados Yanthir, Narsak e Myzar, que junto com Anaruen se tornaram o Ciclo Humano dos Três Continentes. A diversidade dos personagens, que começara na primeira versão de Lua Vermelha com alguns poucos personagens LGBTQ, aumentou em O Olho da Serpente, onde Yanthir era um reino formado principalmente por pessoas de pele escura e onde Anaruen se tornou ainda mais miscigenado. Os primeiros elfos e draanils morenos, mulatos e negros também foram criados pela primeira vez aqui.

Além disso, os deuses antigos e vazios que eu tinha criado para a série até então foram substituídos pelo Dragão e pela Serpente dos elfos, draanils e humanos de Anaruen, pela Fênix de Narsak e Myzar e pela cobra de duas cabeças de Yanthir. Os tremores, as placas de fogo e gelo e suas pontes também apareceram em O Olho da Serpente e se tornaram decisivos para o clima e para o rumo da história. E finalmente mais POVs foram introduzidos além do da Linnea, que tinha dominado todas as versões até então.

Postei O Olho da Serpente no Tumblr, mas não consegui um número ativo de leitores e, por ser preguiçosa, desistente e movida à feedback, desisti de postar no terceiro capítulo. E mais uma vez, agora em sua sétima versão, a história de Linnea e companhia voltou pra gaveta.

Desde que parei de postar em junho venho fazendo algumas alterações na história e pesquisando mais sobre tudo, além de estar estudando mais sobre caracterização e ritmo. No NaNoWriMo cheguei a escrever 6 mil palavras da oitava versão, mas parei por causa da faculdade. Pretendo começar novamente em breve, após ter tudo, absolutamente tudo, sobre os reinos, personagens, religiões e lugares pronto. A única coisa que sei até agora é que Anaruen se tornou Évora, Narsak se tornou Saveni e Myzar, Deva. Yanthir ainda terá seu nome alterado, mas Ilidriel já se tornou Narovia e Lithrien, Mioveni, e alguns personagens tiveram suas aparências físicas alteradas (e seus nomes também) para dar um pouco mais de diversidade à história. A personalidade de Linnea, que vinha se modelando e deixando o reino das Mary Sues desde As Crônicas do Exílio, finalmente está quase completamente definida, mas vários outros personagens ainda precisam de reforma.

Os nomes dos livros nessa última versão permanecem os mesmo, com exceção do último, que passou de A Canção do Silêncio para A Melodia do Silêncio para que a série pudesse se chamar A Canção da Fúria. Fúria essa, aliás, que desde Aëssya já era o novo nome do Cataclismo.

Nesse meio tempo tive a ideia para um novo projeto, que acabou se dividindo em O Príncipe Corvo, uma série de high/dark fantasy, e em uma história que nem sequer ganhou nome antes que eu decidisse juntá-la à velha Solitude, agora completamente reformulada e atendendo pelo nome de Aliunde, que (provavelmente) ganhará um conto em breve.

Bem, é isso. As Crônicas de Erne se tornou A Canção da Fúria e agora se aproxima do seu aniversário de oito anos, mas ainda estou no capítulo um. Quem sabe 2015 não é o ano em que eu enfim termino o primeiro volume dessa história?
como comecei a escrever escrita

Escrita: como eu comecei a escrever

20:37neo

Ando meio desanimada para escrever, o que só confirma minha teoria de que isso só acontece quando tenho tempo livre. Estou de férias (na verdade tenho uma prova final quarta-feira, mas meio que já joguei a toalha porque minhas chances de passar são mínimas), ou seja, fico o dia inteiro em casa e só saio pra ir ao cinema/shopping ou para comer fora com a família de vez em nunca (sou uma pessoa estupidamente caseira). Resolvi então fazer essa série de posts contando como comecei a escrever e como se desenvolveu meu primeiro e principal projeto para ver se o ânimo e a vontade de escrever voltam.

Para contar como comecei a escrever é preciso contar como comecei a ler. De início foi do modo mais comum possível: fiz alfabetização normal e segui naquilo de ler frases, parágrafos e histórias curtíssimas para crianças. Não aprendi a ler antes do tempo ou qualquer coisa do tipo. Na verdade, desconfio que se não houvesse me mudado para o interior quando tinha 7 anos eu não seria o projeto de escritora que sou hoje.

Mais do que me mudar para o interior, eu me mudei para um sítio. Não era um sítio longe da cidade, mas ainda assim meu vizinho mais próximo estava a dezenas de metros de distância e brincar na rua meio que era uma ideia ridícula (até porque não tinha rua, e sim uma estrada asfaltada que depois de dois anos se tornou estrada de terra por causa das chuvas). Naquela época (não, gente, eu não sou velha, tenho 18 anos só), a internet era discada e minha mãe só deixava a gente (eu e meu irmão um ano mais novo) usar por tipo, 30 minutos por dia cada. Obviamente usávamos esses preciosos 30 minutos no Neopets, mas no resto do dia só tínhamos três coisas para fazer: ler, assistir TV (sim, tinha SKY) e montar a cavalo.

Aliás, acho que minha preferência por coisas mais medievais ou antigas começou aí. Não aprendi a montar a cavalo antes de aprender a andar de bicicleta, mas o número de horas que passei em cima de uma bicicleta nem se comparam com o tempo que já passei em um cavalo (um dos motivos de eu torcer o nariz para personagens que se assam em cima de uma sela quando estão usando calças, porque isso não acontece, gente. Sério). Infelizmente não podíamos montar a cavalo o tempo todo, então só restava ler e assistir TV. É aqui que você consegue perceber como pessoas são naturalmente diferentes: eu acabei me afundando em livros, gibis e mangás e meu irmão até hoje é um fanático por filmes, séries e animes. Caminhos diferentes, mas que envolvem a mesma coisa: ter contato com histórias.

Meu avô foi a pessoa que mais me influenciou nesse quesito. Ele tecnicamente não morava com a gente, mas meio que ficava indo e vindo, passando algumas semanas no interior e outras na capital. E quando ele estava com a gente, eu e meu irmão (a gente dividia um quarto antigamente) íamos para o quarto dele, juntávamos as camas (eu sempre ficava no meio ferrando minhas costas) e dormíamos lá. Antes de dormir, meu avô contava histórias que ele inventava pra gente. Eram principalmente de aventura, e envolviam animais falantes, príncipes e princesas e a coisa toda (talvez minha preferência pelo medieval/antigo tenha continuado aqui). Uma bela noite, ele (provavelmente cansado e sem muitas ideias depois de tantas histórias inventadas) propôs que cada dia um de nós contássemos uma história para os outros. Nem preciso dizer que foi isso que desencadeou tudo, certo?

A partir daí, comecei a ler muito mais, pegando livros na biblioteca toda semana para contar as histórias deles para meu avô e meu irmão. Eventualmente comecei a alterar as partes que eu considerava sem graça dessas histórias, e quando dei por mim estava fazendo "livrinhos" com papel ofício e prometendo ao meu pai/meu avô que quando eles voltassem de viagem eu teria terminado a história da vez (essas geralmente eram sobre animais, no maior estilo Rei Leão, um dos meus filmes preferidos na época) (hm, um dos meus filmes preferidos até hoje, na verdade) (e não, eu nunca terminava as histórias. A maldição da reescrita me acompanha desde sempre). 

Muitos escritores de fantasia sempre falam de como os jogos de RPG de mesa influenciaram na sua escrita. Eu nunca joguei RPG de mesa, mas confesso que gastei uma boa parte da minha vida baixando jogos de MMORPG no saco de latas que a gente gostava de chamar de computador. A maior influência aqui foi os amigos do meu irmão, que estavam sempre (e quando eu digo sempre é sempre mesmo) lá em casa porque, bem, sítio. As gurias que eram minhas amigas não eram lá muito fãs de sítio, tirando umas três que conheci mais tarde. Resultado: passei a maior parte da minha infância jogando MMORPG com um bando de garotos e montando a cavalo por aí com esse mesmo bando de garotos (e minha mãe ainda pergunta porque não sou tão feminina assim hoje em dia). E claro que todos os MMORPGs eram em mundos semi-medievais, com elfos, anões, dragões e a coisa toda. Minha paixão por elfos já estava mais do que enraizada a essa altura. 

Foi nessa época que eu descobri que garotos em jogos online geralmente são uns babacas, mas nunca deixei de usar char feminino por pura teimosia/orgulho. E foi nessa época que também notei que alguns jogos, como Mu, não tinham personagens femininas o suficiente (Mu tinha uma elfa para três chars masculinos e, nossa, os chars masculinos eram bem mais legais do que a elfa) (aliás, um dos motivos de eu sempre ter gostado de Grand Chase: as três primeiras personagens do jogo eram meninas). É claro que na maior parte dos MMORPGs você montava seu próprio personagem, mas Mu foi um dos jogos que eu joguei mais tempo (o saco de latas só pegava ele) e essa falta de variedade para personagens femininas sempre me deixou com uma sensação pra lá de desconfortável, sensação que ficava ainda pior quando eu parava para ver as roupas que a elfa usava (eu tinha menos de 11 anos na época, então né, era uma personagem completamente sexualizada representando uma pirralha de 10 anos para um monte de pervertidos) (sim, são pervertidos mesmo).

(Mas lembro até hoje de como eu e meu irmão lutamos para baixar Perfect World no saco de latas, mas o jogo sempre travava e a gente tinha que reinstalar. Ironicamente, quando conseguimos um novo saco de latas, esse um pouco melhor que o antigo, Perfect World já estava completamente abandonado e cheio de bugs. Não, nós nunca superamos essa frustração).

Quando eu tinha uns 9 ou 10 anos finalmente li Harry Potter. E ainda li na ordem errada: tinha assistido os quatro primeiros filmes e meu irmão tinha forçado meus pais a comprarem o sexto livro da série, então eu li esse sexto sem ter a mínima ideia do que acontecia no quinto (não sacava necas de profecia e Umbridge e etc). Mesmo assim adorei o livro, comprei o resto da coleção e pronto, potterhead de carteirinha. HP foi bem importante pra mim porque foi quando comecei a ler livros mais grossos e um tanto mais complexos, o que me levou, um/dois anos depois, a pegar O Senhor dos Anéis emprestado para ler. Nesse um/dois anos, as únicas coisas que escrevi foram histórias que hoje em dia seriam consideradas fanfics de HP, embora eu não fizesse ideia de que tal coisa existia na época, mas que estavam mais para uma cópia de HP em um universo alternativo um tanto diferente. Mas né, pelo menos eu estava escrevendo.

O Senhor dos Anéis mudou tudo. Foi ao lê-lo que eu percebi o tipo de história certa pra mim: a fantasia que eu já conhecia de jogos de MMORPG e dos filmes medievais que meu pai vivia comprando após perceber que não me converteria à ficção científica de Jornada nas Estrelas. Eu já simpatizava com elfos nesses jogos, mas foi O Senhor dos Anéis que me fez adorar essa raça e procurar todo santo livro com ela pra ler. Não havia muitos na época (eu só me lembro do próprio O Senhor dos Anéis, de Eragon, de Nárnia  - que nem elfos tinha - e de As Crônicas do Mundo Emerso), então eu meio que só relia O Senhor dos Anéis mesmo. Devo ter lido cada livro da trilogia pelo menos umas seis vezes nesses nove anos.

Mas O Senhor dos Anéis e os jogos de MMORPG que eu tanto gostava tinham algo em comum: quase nenhuma personagem feminina. Os filmes que meu pai comprava pra mim também eram assim. Sim, Nárnia tinha meninas, mas Nárnia era um tanto infantil, e eu queria personagens femininas tipo o Aragorn. Ou o Legolas. Ou o Sam e o Faramir. O Senhor dos Anéis tinha Galadriel e Éowyn, claro, mas elas não eram as principais. Não faziam parte da sociedade do anel, não estavam presentes o tempo todo ou desde o início. Uns dois anos mais tarde eu viria a conhecer Nihal, a protagonista de As Crônicas do Mundo Emerso, mas quando eu tinha 11 anos uma garota como protagonista de um livro ou filme de fantasia me fazia muita falta (Mulan na época era - bem, é - um dos melhores filmes do mundo pra mim, por motivos óbvios) e justamente por me incomodar com essa falta que decidi escrever mais. Não as pseudo-fanfics de HP, com um personagem também masculino (HP sim tinha garotas, sabe) como principal, mas uma história de fantasia que se passasse em um mundo tão fantástico quanto o de O Senhor dos Anéis. Foi assim que, com 11 anos, comecei meu primeiro projeto "sério": As Crônicas de Erne, uma trilogia que passaria por diversas mudanças e reformas até se tornar o ciclo A Canção da Fúria, cujo primeiro livro, O Olho da Serpente, estou escrevendo até hoje.

Mas isso já é assunto para outro post. Obrigada a quem leu e sintam-se livres para comentar sobre como começaram a escrever (se vocês escrevem, é claro). Amanhã provavelmente sai o próximo. Adiós.

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