A Sombra do Corvo: A Canção do Sangue | Tower Lord | Queen of Fire
Anthony Ryan
Leya
★★★★½
Anthony Ryan
Leya
★★★★½
Quando Vaelin Al Sorna, um garoto de apenas 10 anos de idade, é deixado por seu pai na Casa da Sexta Ordem, ele é informado que sua única família agora é a Ordem. Durante vários anos ele é treinado de forma brutal e austera, além de ser condicionado a uma vida perigosa e celibatária. Mesmo assim, Vaelin resiste e torna-se líder entre seus irmãos. Ao longo de sua jornada, Vaelin também descobrirá de quem foi o verdadeiro desejo para que ele fosse entregue à Ordem o objetivo sempre foi protegê-lo, mas ele não tem ideia do quê. Aos poucos, indícios de uma esquecida Sétima Ordem e questões acerca das ações do Rei Janus fazem Vaelin Al Sorna questionar sua lealdade. Destinado a um futuro grandioso, ele ainda tem que compreender em quem confiar. Neste primeiro volume da trilogia A Sombra do Corvo, Anthony Ryan estreia de maneira promissora na literatura com uma aventura repleta de ação.
Faz uns bons 20 minutos que estou encarando a página de A Canção do Sangue no Goodreads, indecisa entre dar cinco ou quatro estrelas para esse livro. Já li outras resenhas, pensei sobre a história, a escrita e os personagens, encarei a página mais um pouquinho e refleti sobre os outros livros que já receberam essas notas altas de mim. Veja bem, esse ano só dei cinco estrelas para três livros. Seria, então, A Canção do Sangue o há muito esperado quarto?
Depois de pensar muito, decidi que não. Mas admito que ele chegou muito, muito perto.
Antes de mostrar os motivos que me levaram a não dar a nota máxima para esse livro, vou falar dos que quase me fizeram fazer isso. Em primeiro lugar, A Canção do Sangue faz parte do tipo de livro que eu mais gosto; sólido, bem escrito e envolvente. Histórias assim parecem te sugar para dentro das páginas com tanta força que quando algo te interrompe você tem que piscar algumas vezes para se desvencilhar do que está acontecendo com os personagens antes de se virar para o mundo real. Infelizmente, não costumo achar muitos livros assim, mas alguns exemplos são O Nome do Vento, As Crônicas de Gelo e Fogo, Aprendiz de Assassino, Captive Prince e A Passagem. Por mais que alguns defeitos irritantes estejam sim presentes em algumas dessas obras (cof As Crônicas de Gelo e Fogo cof), elas estão, na minha opinião, em um nível completamente diferente das demais.
Segundo, A Canção do Sangue tinha absolutamente tudo para dar errado. Ela é sim uma daquelas histórias de "coming of age", com o protagonista, Vaelin, tendo que passar por anos e anos de treinamento durante boa parte do livro. Eu estava esperando, com toda sinceridade, ficar muito entediada ao ler sobre esse treino todo, mas nope, eu não fiquei entediada em momento algum de A Canção do Sangue. O treinamento de Vaelin não foi enfadonho; muito pelo contrário, é durante essa parte do livro que vemos o desenvolvimento da amizade entre Vaelin e seus irmãos da Sexta Ordem, Barkus, Dentos, Nortah, Caenis e depois Frentis, e somos apresentados aos primeiros mistérios que envolvem tanto Vaelin quanto as Ordens da Fé. Não preciso nem dizer que a coisa toda é sim pra lá de interessante.
Terceiro, os personagens. A maior parte é muito bem desenvolvida (destaque para os já citados irmãos da Sexta Ordem; cada um tem personalidade e voz própria, e não estão na história apenas para ocupar espaço como sidekicks do protagonista) (sim, essa é uma indireta para você, Prince of Thorns) e é muito fácil simpatizar a maioria deles, até mesmo com os antagonistas.
Quarto, boa representatividade. Sim, isso é possível em livros de fantasia (amém!). E sim, as mulheres continuam em menor número (deve ter uma mulher para cada 50 homens nesse livro, sério), mas as que aparecem são muito bem construídas. Elera, uma Aspecto e portanto uma das pessoas mais importantes das Ordens, Lyrna, a princesa, bonita e muito inteligente (e manipuladora), Sella, uma Negadora poderosa (e muda, o que é uma novidade com toda certeza), Sherin, o par romântico do protagonista, que faz muito mais do que só se apaixonar por ele e tem sua própria história, e também a mãe de Vaelin, que sequer aparece de verdade na história, mas foi uma mulher incrível ao seu próprio modo. Tem até mesmo uma menção a uma mulher simplesmente maléfica e poderosa (porque mulheres podem ser vilãs e, acreditem, podem fazer isso sem serem sexualizadas apenas para indicar que o poder da mulher pode ser expresso apenas pela sedução) (outra indireta para você, Prince of Thorns), e a outra, mestre em uma arte que Vaelin sequer sabe como dominar.
Enfim, não são muitas, mas as mulheres de A Canção do Sangue têm poder, mesmo vivendo em uma sociedade tipicamente medieval que em alguns aspectos considera sim a mulher como um ser inferior ao homem. Então, como eu já disse várias e várias vezes em várias resenhas e posts, um mundo sexista não te impede de criar personagens femininas boas. A preguiça e a comodidade é que faz.
E, antes que eu me esqueça, há não-brancos e eles não são só para enfeitar. Há negros, morenos/mulatos e até mesmo asiáticos (não tem Ásia no mundo, mas) que vivem em uma parte distante do mundo. Um personagem importante (embora não principal) é "asiático" e ele tem sua própria história e suas próprias motivações. Ou seja, ele é um personagem de verdade e não apenas uma trope, como muitos não-brancos geralmente são em histórias de fantasia (olá pela terceira vez, Prince of Thorns).
Há até mesmo um indício de personagens não-heterossexuais (pasmem). É um indício bem fraco, mas né, pelo menos o livro admite que essas pessoas existem, ao contrário de tantos outros.
O próprio plot de A Canção do Sangue é também muito interessante. Desde o início nos são apresentadas perguntas que vão, pouco a pouco, sendo respondidas, mas que ainda assim só causam mais perguntas e mais mistério. Eu teria terminado esse livro bem mais rápido se a faculdade não estivesse sugando minha vida, porque é simplesmente difícil largar a história antes de terminá-la. E mesmo ao terminá-la você ainda é deixado com várias perguntas que provavelmente só podem ser respondidas ao ler o volume dois, que, infelizmente, você ainda não tem (=[). Além disso, gostei muito do fato de que foi o reino de Vaelin que causou a guerra principal do livro por interesses que podem ser considerados egoístas. Gostei de que foi o protagonista quem invadiu uma nação vizinha e matou o herói dela, tornando-se assim o vilão para seu povo. Uma mudança muito bem vinda do velho reino do protagonista como do bem x reino invasor do mal.
E, por último, eu gostei muito do worldbuilding. Não tem nada de inovador (na verdade, o mundo chega a ser bem genérico em vários aspectos), mas o modo como o autor apresentou e construiu tudo me agradou bastante. Gostei da Fé e das outras religiões, e de como a intolerância religiosa foi mostrada (e condenada). Gostei de como o autor apresentou personagens que acreditavam completamente estarem fazendo algo de bom para o mundo ao cometer atos horríveis em nome de sua crença ou de seu rei e de como alguns desses personagens acabaram percebendo o que tinham feito ou finalmente notando que rei algum é perfeito ou mesmo bom. Enfim, acho que o autor foi muito feliz ao mostrar tantos temas que são importantes (e polêmicos) no mundo real de uma forma clara e sem precisar ofender nenhuma religião (já que nenhuma de A Canção do Sangue pode ser considerada como inspirada em alguma real). É bem raro fantasias mostrarem tais coisas com habilidade ou até mesmo chegarem a tratar delas (e olha que a maioria é inspirada no nosso período medieval, bem conhecido por sua total intolerância religiosa), então esse é um diferencial da obra de Ryan.
Concluindo: A Canção do Sangue é um livro excelente que merece (e merece muito) a fama que tem. É até difícil de acreditar que esse foi o livro de debut do autor, mas ao lê-lo entendi perfeitamente porque, mesmo tendo sido lançado de modo independente apenas como ebook, ele conquistou o sucesso que tem hoje. Por que, então, não o dei cinco estrelas?
Porque sou chata. Sim, essa é a mais pura verdade. Só dou cinco estrelas para livros que me deixam completamente fascinada, para aqueles que se tornam meus favoritos para tipo, todo o sempre. A Canção do Sangue chegou muito perto de fazer isso, mas não rolou. Ao terminá-lo eu estava sim muito curiosa para saber o que acontece no próximo volume, mas não pude ignorar a sensação de que havia algo fora do lugar. Depois de pensar muito, descobri que a coisa fora do lugar era nada mais nada menos do que o próprio Vaelin e os mistérios que o cercam.
É meio difícil não comparar A Canção do Sangue à O Nome do Vento. Ambas as histórias são sobre garotos que se tornam lendas, e ambas são com o garoto em questão contando sua história para um escriba/cronista/historiador. O Nome do Vento tem as partes no presente em terceira pessoa e as do passado em primeira, A Canção do Sangue tem o relato do escrita em primeira e o passado em terceira, Kvothe é famoso por ser incrível em quase tudo que faz, Vaelin é igualmente famoso, mas só é incrível mesmo com a espada, e ambos estão fora de circulação por algum tempo no início da história, Kvothe por ter se tornado Kote e Vaelin por ter sido preso. Enfim, as semelhanças são muitas, mas as duas obras se diferenciam tanto que acabam tornando essas semelhanças bem superficiais. Cada série tem seu próprio tom e seu próprio estilo, apesar de parecerem tão iguais à primeira vista.
Por que comparo as duas então? Bem, porque eu acho que o que fez O Nome do Vento se tornar um dos meus livros favoritos é exatamente o que faltou em A Canção do Sangue para que ele também chegasse a ter esse status. Em ambas as histórias há o mundo normal, onde a magia é visto como algo diabólico/de contos de fada ou com uma magia bem científica no caso de O Nome do Vento, mas nas duas o leitor vai, pouco a pouco, descobrindo que existe sim uma magia além, algo maior e mais poderoso, de onde todos os mistérios do livro acabam surgindo. O que me encantou em o O Nome do Vento foi o mundo dos Fae, as lendas de Lanre e do Chandriano, e a ideia dos nomes verdadeiros das coisas, o mistério das Portas de Pedra e assim por diante. O que poderia ter me encantado e que chegou bem perto de fazê-lo em A Canção do Sangue foi os mistérios sobre a Sétima Ordem, os dons e a canção do sangue de Vaelin, os poderes de Sella e o lobo que está sempre por perto quando Vaelin precisa, e todo suspense envolvendo o Além e todas as religiões. Mas nada o fez, pelo simples fato de que não houve o suficiente disso tudo para que eu realmente ficasse interessada de verdade.
Se esses mistérios todos sobre Vaelin estivessem mais presentes na história, eu provavelmente teria gostado dela bem mais. O próprio Vaelin, apesar de ser um bom protagonista, não apresenta um desenvolvimento muito grande com o passar dos anos (Nortah e Frentis, por exemplo, o apresentam bem mais). Então sim, A Canção do Sangue é um livro incrível, mas faltou esse "algo mais" para que eu realmente chegasse a adorá-lo. Mesmo assim, ele é bom demais para apenas quatro estrelas. Entende meu dilema?
Enfim, sem mais delongas, 4.5 estrelas para A Canção do Sangue.
PS: Leya, qual foi a da revisão???? Vi interrogações em lugares errados, pensamentos juntos de fala, falas do mesmo personagem dispostas como se fossem de personagens diferentes, e até alguns erros de ortografia. ????
Depois de pensar muito, decidi que não. Mas admito que ele chegou muito, muito perto.
Antes de mostrar os motivos que me levaram a não dar a nota máxima para esse livro, vou falar dos que quase me fizeram fazer isso. Em primeiro lugar, A Canção do Sangue faz parte do tipo de livro que eu mais gosto; sólido, bem escrito e envolvente. Histórias assim parecem te sugar para dentro das páginas com tanta força que quando algo te interrompe você tem que piscar algumas vezes para se desvencilhar do que está acontecendo com os personagens antes de se virar para o mundo real. Infelizmente, não costumo achar muitos livros assim, mas alguns exemplos são O Nome do Vento, As Crônicas de Gelo e Fogo, Aprendiz de Assassino, Captive Prince e A Passagem. Por mais que alguns defeitos irritantes estejam sim presentes em algumas dessas obras (cof As Crônicas de Gelo e Fogo cof), elas estão, na minha opinião, em um nível completamente diferente das demais.
Segundo, A Canção do Sangue tinha absolutamente tudo para dar errado. Ela é sim uma daquelas histórias de "coming of age", com o protagonista, Vaelin, tendo que passar por anos e anos de treinamento durante boa parte do livro. Eu estava esperando, com toda sinceridade, ficar muito entediada ao ler sobre esse treino todo, mas nope, eu não fiquei entediada em momento algum de A Canção do Sangue. O treinamento de Vaelin não foi enfadonho; muito pelo contrário, é durante essa parte do livro que vemos o desenvolvimento da amizade entre Vaelin e seus irmãos da Sexta Ordem, Barkus, Dentos, Nortah, Caenis e depois Frentis, e somos apresentados aos primeiros mistérios que envolvem tanto Vaelin quanto as Ordens da Fé. Não preciso nem dizer que a coisa toda é sim pra lá de interessante.
Terceiro, os personagens. A maior parte é muito bem desenvolvida (destaque para os já citados irmãos da Sexta Ordem; cada um tem personalidade e voz própria, e não estão na história apenas para ocupar espaço como sidekicks do protagonista) (sim, essa é uma indireta para você, Prince of Thorns) e é muito fácil simpatizar a maioria deles, até mesmo com os antagonistas.
Quarto, boa representatividade. Sim, isso é possível em livros de fantasia (amém!). E sim, as mulheres continuam em menor número (deve ter uma mulher para cada 50 homens nesse livro, sério), mas as que aparecem são muito bem construídas. Elera, uma Aspecto e portanto uma das pessoas mais importantes das Ordens, Lyrna, a princesa, bonita e muito inteligente (e manipuladora), Sella, uma Negadora poderosa (e muda, o que é uma novidade com toda certeza), Sherin, o par romântico do protagonista, que faz muito mais do que só se apaixonar por ele e tem sua própria história, e também a mãe de Vaelin, que sequer aparece de verdade na história, mas foi uma mulher incrível ao seu próprio modo. Tem até mesmo uma menção a uma mulher simplesmente maléfica e poderosa (porque mulheres podem ser vilãs e, acreditem, podem fazer isso sem serem sexualizadas apenas para indicar que o poder da mulher pode ser expresso apenas pela sedução) (outra indireta para você, Prince of Thorns), e a outra, mestre em uma arte que Vaelin sequer sabe como dominar.
Enfim, não são muitas, mas as mulheres de A Canção do Sangue têm poder, mesmo vivendo em uma sociedade tipicamente medieval que em alguns aspectos considera sim a mulher como um ser inferior ao homem. Então, como eu já disse várias e várias vezes em várias resenhas e posts, um mundo sexista não te impede de criar personagens femininas boas. A preguiça e a comodidade é que faz.
E, antes que eu me esqueça, há não-brancos e eles não são só para enfeitar. Há negros, morenos/mulatos e até mesmo asiáticos (não tem Ásia no mundo, mas) que vivem em uma parte distante do mundo. Um personagem importante (embora não principal) é "asiático" e ele tem sua própria história e suas próprias motivações. Ou seja, ele é um personagem de verdade e não apenas uma trope, como muitos não-brancos geralmente são em histórias de fantasia (olá pela terceira vez, Prince of Thorns).
Há até mesmo um indício de personagens não-heterossexuais (pasmem). É um indício bem fraco, mas né, pelo menos o livro admite que essas pessoas existem, ao contrário de tantos outros.
O próprio plot de A Canção do Sangue é também muito interessante. Desde o início nos são apresentadas perguntas que vão, pouco a pouco, sendo respondidas, mas que ainda assim só causam mais perguntas e mais mistério. Eu teria terminado esse livro bem mais rápido se a faculdade não estivesse sugando minha vida, porque é simplesmente difícil largar a história antes de terminá-la. E mesmo ao terminá-la você ainda é deixado com várias perguntas que provavelmente só podem ser respondidas ao ler o volume dois, que, infelizmente, você ainda não tem (=[). Além disso, gostei muito do fato de que foi o reino de Vaelin que causou a guerra principal do livro por interesses que podem ser considerados egoístas. Gostei de que foi o protagonista quem invadiu uma nação vizinha e matou o herói dela, tornando-se assim o vilão para seu povo. Uma mudança muito bem vinda do velho reino do protagonista como do bem x reino invasor do mal.
E, por último, eu gostei muito do worldbuilding. Não tem nada de inovador (na verdade, o mundo chega a ser bem genérico em vários aspectos), mas o modo como o autor apresentou e construiu tudo me agradou bastante. Gostei da Fé e das outras religiões, e de como a intolerância religiosa foi mostrada (e condenada). Gostei de como o autor apresentou personagens que acreditavam completamente estarem fazendo algo de bom para o mundo ao cometer atos horríveis em nome de sua crença ou de seu rei e de como alguns desses personagens acabaram percebendo o que tinham feito ou finalmente notando que rei algum é perfeito ou mesmo bom. Enfim, acho que o autor foi muito feliz ao mostrar tantos temas que são importantes (e polêmicos) no mundo real de uma forma clara e sem precisar ofender nenhuma religião (já que nenhuma de A Canção do Sangue pode ser considerada como inspirada em alguma real). É bem raro fantasias mostrarem tais coisas com habilidade ou até mesmo chegarem a tratar delas (e olha que a maioria é inspirada no nosso período medieval, bem conhecido por sua total intolerância religiosa), então esse é um diferencial da obra de Ryan.
Concluindo: A Canção do Sangue é um livro excelente que merece (e merece muito) a fama que tem. É até difícil de acreditar que esse foi o livro de debut do autor, mas ao lê-lo entendi perfeitamente porque, mesmo tendo sido lançado de modo independente apenas como ebook, ele conquistou o sucesso que tem hoje. Por que, então, não o dei cinco estrelas?
Porque sou chata. Sim, essa é a mais pura verdade. Só dou cinco estrelas para livros que me deixam completamente fascinada, para aqueles que se tornam meus favoritos para tipo, todo o sempre. A Canção do Sangue chegou muito perto de fazer isso, mas não rolou. Ao terminá-lo eu estava sim muito curiosa para saber o que acontece no próximo volume, mas não pude ignorar a sensação de que havia algo fora do lugar. Depois de pensar muito, descobri que a coisa fora do lugar era nada mais nada menos do que o próprio Vaelin e os mistérios que o cercam.
É meio difícil não comparar A Canção do Sangue à O Nome do Vento. Ambas as histórias são sobre garotos que se tornam lendas, e ambas são com o garoto em questão contando sua história para um escriba/cronista/historiador. O Nome do Vento tem as partes no presente em terceira pessoa e as do passado em primeira, A Canção do Sangue tem o relato do escrita em primeira e o passado em terceira, Kvothe é famoso por ser incrível em quase tudo que faz, Vaelin é igualmente famoso, mas só é incrível mesmo com a espada, e ambos estão fora de circulação por algum tempo no início da história, Kvothe por ter se tornado Kote e Vaelin por ter sido preso. Enfim, as semelhanças são muitas, mas as duas obras se diferenciam tanto que acabam tornando essas semelhanças bem superficiais. Cada série tem seu próprio tom e seu próprio estilo, apesar de parecerem tão iguais à primeira vista.
Por que comparo as duas então? Bem, porque eu acho que o que fez O Nome do Vento se tornar um dos meus livros favoritos é exatamente o que faltou em A Canção do Sangue para que ele também chegasse a ter esse status. Em ambas as histórias há o mundo normal, onde a magia é visto como algo diabólico/de contos de fada ou com uma magia bem científica no caso de O Nome do Vento, mas nas duas o leitor vai, pouco a pouco, descobrindo que existe sim uma magia além, algo maior e mais poderoso, de onde todos os mistérios do livro acabam surgindo. O que me encantou em o O Nome do Vento foi o mundo dos Fae, as lendas de Lanre e do Chandriano, e a ideia dos nomes verdadeiros das coisas, o mistério das Portas de Pedra e assim por diante. O que poderia ter me encantado e que chegou bem perto de fazê-lo em A Canção do Sangue foi os mistérios sobre a Sétima Ordem, os dons e a canção do sangue de Vaelin, os poderes de Sella e o lobo que está sempre por perto quando Vaelin precisa, e todo suspense envolvendo o Além e todas as religiões. Mas nada o fez, pelo simples fato de que não houve o suficiente disso tudo para que eu realmente ficasse interessada de verdade.
Se esses mistérios todos sobre Vaelin estivessem mais presentes na história, eu provavelmente teria gostado dela bem mais. O próprio Vaelin, apesar de ser um bom protagonista, não apresenta um desenvolvimento muito grande com o passar dos anos (Nortah e Frentis, por exemplo, o apresentam bem mais). Então sim, A Canção do Sangue é um livro incrível, mas faltou esse "algo mais" para que eu realmente chegasse a adorá-lo. Mesmo assim, ele é bom demais para apenas quatro estrelas. Entende meu dilema?
Enfim, sem mais delongas, 4.5 estrelas para A Canção do Sangue.
PS: Leya, qual foi a da revisão???? Vi interrogações em lugares errados, pensamentos juntos de fala, falas do mesmo personagem dispostas como se fossem de personagens diferentes, e até alguns erros de ortografia. ????
2 comentários
Resenha excelente! Fiquei com vontade de ler o livro (e de não ler o tal Prince of Thorns, rs). Adoro fantasia com representatividade e personagens secundários legais. Mas agora fiquei curiosa: quais são seus livros 5 estrelas?
ResponderExcluirE erros de revisão são lamentáveis mesmo. Quer dizer, todo livro tem um ou outro, mas algumas editoras demonstram um descaso que até desanima.
Abs,
Isa
Bem, esse ano só dei cinco estrelas para Aprendiz de Assassino da Robin Hobb e para Captive Prince 1 e 2 (esse inclusive é fantasia LGBTQ). Alguns outros livros conseguiram quatro e A Canção do Sangue ficou com 4.5, mas cinco só esses três mesmo.
ResponderExcluirGeralmente não tenho problema nenhum com a Leya nesse sentido, por isso fiquei até meio surpresa. Mas já me disseram que haverá um cuidado maior no segundo volume, então estou mais tranquila.
E obrigada!