2 estrelas cela resenha pro chimeriane

Resenha: A Magia da Alvorada, S.L. Farrell

18:43neo

Série O Trono do Sol: A Magia da Alvorada | A Magia do Anoitecer | A Magia da Aurora
S.L. Farrell
Leya
★★

Nessântico – terra de luxúria e perigos, que durante séculos influenciou povos além de suas fronteiras. Uma cidade forte, sedutora, e que mesmo sob o efeito do comércio e da guerra abriga intelectuais, ricos e poderosos de todo o país. Um lugar muito invejado, e por isso as coisas estão prestes a mudar. Governada por Marguerite ca'Ludovici, que agora prepara-se para celebrar seu Jubileu e passar o seu legado para seu filho Justi, enquanto Jan ca'Vörl, um poderoso nobre, tenta armar uma rebelião. Archigos Dhosti ca'Millac, líder da Fé de Concénzia e aliado de Marguerite, luta para controlar fundamentalistas como Orlandi ca'Cellibrecca , enquanto eles clamam por uma ação contra aqueles que insistem em afirmar que a magia não está ligada à fé em Cénzi. Presa no meio desta disputa por poder está a jovem sacerdotisa Ana co’Seranta, cuja impressionante habilidade com a magia a torna um peão na luta pelo poder.
O trono do Sol é uma trama onde o elenco ativo é um fascínio imenso, muitos dos quais se alternam na narrativa. Leitores que apreciam a construção de um mundo de intriga e ação mergulharão nesta história rica e complexa.

Yo, pessoal, a resenha de hoje não foi feita por mim, mas sim por minha amiga, Marcela. Acho que até já tinha comentado antes que comprei O Trono de Sol, li duas páginas e desisti (um nony até me disse que o livro era ruim, aí fiquei com menos vontade ainda de continuar). Cela, por outro lado, leu o livro até o fim e por isso já pode ser considerada mais forte do que eu. Anyway, a resenha:

Primeiro de tudo: alerta de textão.

Segundo: eu tenho mercúrio em sagitário, não sei me expressar e tá tudo uma grande bagunça. Desculpa.

Eu tenho tantas, mas tantas coisas a dizer sobre esse livro que eu não sei nem por onde começar.

O Trono do Sol gira em torno basicamente de tramas políticas e religiosas nesse império sinistro chamado Nessântico. Nossa personagem principal se chama Ana co’Seranta, uma garota que está terminando seus “estudos”, digamos, para virar uma téni – um tipo de, uh, padre que consegue usar a magia desse universo, o Ilmodo.

Ana, assim como quase todo mundo em Nessântico e seus Domínios, é devota do deus Cénzi e acredita que o poder do seu Ilmodo vem da sua fé. Esse é um dos principais pontos do livro, visto que existe um grupo chamado numetodos que creem que o Ilmodo (que eles chamam de Scáth Cumhacht) não dependia de fé coisíssima nenhuma e podia ser feito e usado por qualquer pessoa com o mínimo de parafusos na cabeça. Não preciso dizer que os devotos da concénzia acham isso uma heresia do cacete e existe uma perseguição maluca aos moçoilos numetodos, certo? Também acho que não preciso dizer que em Nessântico a linha entre o político e o religioso é incrivelmente fina e muitas vezes ao longo do livro é ultrapassada.

O worldbuilding de O Trono do Sol é incrível e cheio de particularidades, devo dizer. A cultura e os aspectos sociais que o autor criou são fantásticos. Nessântico tem um sistema de “castas” sociais em que os mais nobres possuem o prefixo ca’ e co’ no sobrenome, os mais ou menos são os ce’ e ci’ e a ralé não tem prefixo algum. Essas posições sociais são móveis e qualquer um pode ascender ou decair socialmente. Essa mesma noção também é utilizada na hierarquia dos cargos. Por exemplo, os “ténis” (que são os padres que mexem com magia que eu falei lá em cima) são divididos entre a’ténis (mais importantes), u’ténis, o’ténis e e’ténis (menos importantes). Outra coisa bem legal é que existem as modas locais em termos de roupa, corte de cabelo etc e tal. No mais, é uma sociedade que foi muito bem arquitetada.

A escrita foi, ao meu ver, bem razoável, por mais que tivessem uns infodumps aqui e ali no começo do livro. O autor faz uso de muitas palavras do que parece ser o idioma local e, bem, no início é um pouco confuso, mas depois que você se acostuma fica só chato mesmo.

Agora, meus amores, se preparem pra segurar a marimba que vem a seguir.

Eu pensei em falar do plot se, bem, existisse algum. NÃO EXISTE PLOT. É tudo uma série de cenas que foram coladas uma na outra pra fazer de conta que elas tinham alguma continuidade ou faziam algum tipo de sentido e que falhou miseravelmente. Os acontecimentos do livro foram todos muito previsíveis e qualquer um com metade de um cérebro já saberia o que iria acontecer.

Falta um pouco de Sazón em todos os personagens. Os mocinhos são todos muito bonzinhos e os vilõezinhos são todos muito mauzinhos sem nenhum motivo, porque sim. O único que chegou mais perto de quebrar esse maniqueísmo ridículo foi o comandante Sergei ca’Rudka que não tinha o menor problema em torturar gente que ele sabia que era inocente só pelo “”””bem de Nessântico””””. Bleh.

Falando ainda em personagens, pra coroar a falta de desenvolvimento deles temos um grande instalove (pra quem não sabe, amor instantâneo), que, não satisfeito em ser instalove, foi entre dois personagens que deveriam ter o máximo de distância um do outro. Caso não tenha dado pra adivinhar, falo de Ana, nossa principal, e Karl ci’Vliomani, um numetodo enviado pelo seus iguais para bater um papinho legal sobre a aniquilação dos numetodos com a imperatriz de Nessântico, Marguerite. Olha que Romeu e Julieta maravilhoso.

É um instalove tão instalove que não dá pra engolir, gente. Sério. Eles dois se encontram duas vezes e já estão “nossa………..o que é essa atração………”. Uh, será que alguém lembra que os numetodos estão sendo perseguidos e mortos EM MASSA pelos concénzianos e que para esses últimos eles merecem ser mortos mesmo porque são uns hereges malditos que desafiam Cénzi? Aparentemente não. Que lindo.

Uma pena se o Karl fosse acusado do assassinato de uma pessoa ~importante~ para Nessântico e fosse preso na frente da Ana. Mas vocês acham que isso mudou alguma coisa, que fez a Ana parar pra pensar por meio segundo que talvez não fosse uma ideia muito legal se relacionar com um cara que não só cospe em cima de tudo que ela acredita mas também está sendo acusado de matar uma pessoa? Tudo bem que [spoiler] o Karl era inocente [fim do spoiler], mas não tinha como a Ana saber disso usando os instintos do seu coração, né?

E MAIS, vocês acham que com a sua prisão o Karl reconsiderou a decisão de se aproximar de uma pessoa que compactua com a dizimação dos seus iguais? Haha, não. As barreiras (DA LUCIDEZ E DO BOM SENSO) que o amor quebra, não é mesmo?

Ana e Karl não me convenceram nem por um segundo

[spoiler?](Além disso, o Karl ainda tem uma noiva lá de onde ele veio e esse assunto só é trazido à tona com a Ana umas duas vezes e nada foi feito a respeito disso mesmo assim)[fim do spoiler]

Além disso, a relação entre todos os personagens é tão superficial que muitas delas foram interrompidas pela metade (?????). Vou falar sobre isso mais lá embaixo porque é um spoiler bem grandinho*. Um caos, meus amigos, um grande caos.

O clímax do livro foi, sem dúvida, a parte mais chata. Tava rolando toda uma tensão pra uma batalha que todo mundo sabia que ia acontecer, mas ninguém soube me dizer POR QUE. Mais um “porque sim” nessa história maravilhosa cheia de motivos incríveis. Digo isso pela parte política, porque Jan ca’Vörl, o governante de uma região chamada Firenzcia, quer invadir e se tornar o imperador de Nessântico porque sim. Porque ele quer. Porque ele não tem mais nada pra fazer, tava entendiado e foi lá lutar contra Nessântico rapidão. A parte religiosa eu até entendo, já que tinha um a’téni (um daqueles padres) que não concordava com a forma com que o archigos (o papa deles) estava encarando a questão dos numetodos e achava que ele mesmo seria muito melhor como archigos (pretensão pouca é bobagem) (inclusive me lembrou um pouco a trama de The Borgias).

Aliás, falando do archigos, um ponto que me incomodou muito foi como a Ana ascendeu dentro da Fé. O cara estava fazendo uma passeata ou whatever quando um numetodo aleatório maluco jogou um feitiço contra ele e a Ana, que ainda era estudante, rebateu esse feitiço que poderia ter sido facilmente rebatido por qualquer um dos a’ténis que estavam ao redor dele naquele momento. Aí então o archigos – chamado Dhosti ca’Millac – chamou a Ana e disse “então, minha filha, é o seguinte: qualquer um daqueles caras muito mais experientes que você poderia ter rebatido aquele feitiço, o que você acha de se juntar a minha equipe pessoal?”

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Jura?

Tá, tudo bem que a Ana não conseguiu sua Marca pra deixar de ser uma mera estudante e virar uma téni e o professor dela pediu pro archigos dar a Marca a ela mas, sério? O cara só ouviu RUMORES sobre como a Ana era ~super sinistra~ com o Ilmodo e já sai chamando assim pra fazer parte da equipe pessoal?

Inclusive esse dom super sinistro da Ana não me convenceu. É só aquela velha trope do Você É O Escolhido all over again. Bleh.

(Quando as pessoas vão entender que o único escolhido que importa é Ash Ketchum da cidade de Pallet?)

O final do livro, meus caros, foi a cereja do bolo. Eu achei que fosse ser um tremendo de um deus ex machina, mas conseguiu ser pior. Vou tentar não falar tanto pra não estragar, mas se você ainda considera ler esse livro depois de tudo isso que eu disse, o que vem a seguir vai te fazer desistir com certeza. O autor enfiou um personagem todo poderosão dentro do livro que ninguém sabe a procedência, ninguém sabe o que que ele tá fazendo lá (CÊ NÃO TINHA NEM QUE TÁ AQUI LINDA), ninguém sabe como ele faz as magias que ele faz e botou esse cara pra ser culpado de tudo COMO SE ISSO FOSSE UM PLOT TWIST DECENTE!!!!!! Foi como colocar um background character que ninguém nem se importa pra ser O Vilãozão como se fosse dar certo, como se fosse fazer algum sentido, como se tivesse algum bom motivo pra isso, motivo esse que aliás não foi nem dito no fim. Mas né, depois de toda essa história eu não sei por que diabos eu estava esperando alguém agir com algum motivo. Mais um “porque sim” pra nossa listinha.

“História rica e complexa”? Um episódio do Teletubbies foi mais rico e complexo do que isso.

Outra coisa, não vou nem falar de representatividade porque um autor que não tem competência pra pensar um plot decente e menos genérico nunca que vai pensar em diversidade.

2 estrelas pra esse livro sensacional só pelo worldbuilding mesmo.

Spoilers:

*Dhosti foi o cara que não só acolheu a Ana dentro da Fé, mas que a defendeu e protegeu o livro todo. Beleza. Aí, num dado momento, Dhosti morre e a Ana é acusada de desobedecer as leis da Concénzia. Nenhuma lágrima, nenhum luto, ela simplesmente não reagiu à morte do Dhosti, como se ele fosse ninguém. Tá, ela tava sendo perseguida, mas nem uma single tear???? Sério???

Outro relacionamento que ficou pela metade foi o de Justi, o príncipe de Nessântico e Francesca, a filha do ca’Cellibrecca. Ele era absurdamente apaixonado por ela, até que um dia do nada acabou o amor. Simples assim. Aliás ambos são personagens detestáveis. 

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4 comentários

  1. Uau! Já tinha ouvido falar deste livro, o autor inclusive é indicado por Martin, mas não tinha lido nenhuma crítica ainda. Muito obrigada pela resenha. Já ajudou a ter uma ideia se eu iria gostar ou não...

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    1. Eu só comprei esse livro mesma pela indicação do Martin, aí nem passei das primeiras páginas KKK Frustrante, mas tenho certeza de que se continuasse a ler eu não gostaria também.

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  2. Comprei esse livro na época do lançamento e pelo que eu me lembro, consegui me arrastar até a página 100 mais ou menos, um dos raros livros que eu abandonei. Lembro ainda de ter discutido com alguns fãs dessa saga no orkut kkk que juravam que essa bagaça era o novo game of thrones kkkk

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    1. Já vi muita gente dizendo que é maravilhoso e com a recomendação do Martin na capa fica até fácil ouvir gente falando que esse é o novo Game of Thrones KKK Mas é muito chato, nem vale a pena.

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