mark lawrence misoginia

Rant literário: Mark Lawrence perde uma ótima oportunidade de ficar calado.

16:36neo


Confesso que o fato de Prince of Thorns não ter nenhuma mulher (ou não-branco ou não-heterossexual) que preste sempre me pareceu mais produto da velha zona de conforto e não de uma mente fechada ou, posso até dizer, misógina. Sempre desprezei o livro (como vocês podem ver na resenha que fiz dele), mas né, até pensei em ler o último lançamento do autor, Prince of Fools, para dar uma nova chance pro cara e tal. Talvez ele provasse ter melhorado. 

Mas, como fica bem evidente em um post que ele fez dia 9, Lawrence fez questão de esclarecer que não, não melhorou.
"But, major roles for female characters in every book, no matter what it's about, no matter what the scope, or the length of the book? Then you lose me. If you replace 'female' with 'male' in the argument I'll object just the same.[...]
It's perhaps traditional when faced with criticism from several corners, and given a few years to mull it over, to come to some epiphany or moderate your views with those that run counter to them ... but ... and I have given it some thought ... I'm not here to do that. I wholly reject those criticisms now, sitting on 30,000 ratings, just as I did on launch day, sitting on nothing but the hope people would enjoy the story I'd told.
Yes, you're entirely welcome to prefer stories with particular components, be they female weight-lifters, plucky young wizards, or Machiavellian politics ... whatever. And yes, you're entirely welcome to pick up my books and, on finding that particular component absent, to say 'I didn't enjoy this book because it lacked the thing I like'. But to criticise me as an author for not putting in that thing you like, as if it were some kind of fundamental flaw in personality, ethics, or decency ... that is, was, and always shall be ... crap. [...]
(Fonte).

Traduzindo:
"Mas papéis maiores para personagens femininas em cada livro, não importa do que se trata, não importa qual escopo ou o comprimento do livro? Aí você me perde. Se você substituir "feminino" por "masculino" no argumento, vou objetar da mesma forma. [...]
É talvez tradicional que quando confrontado com críticas de vários cantos, e dado alguns anos para meditar sobre isso, se chegar a alguma epifania ou moderar os seus pontos de vista com os que são contrários a estes... mas... e eu pensei nisso... Eu não estou aqui para isso. Eu rejeito totalmente as críticas agora, sentado em 30.000 avaliações, assim como fiz no dia do lançamento, sentado em nada além da esperança de que pessoas iriam desfrutar da história que eu tinha contado.
Sim, você é totalmente bem vindo para preferir histórias com componentes específicos, sejam eles mulheres levantadoras de peso, corajosos jovens bruxos ou política maquiavélica... tanto faz. E sim, você é totalmente bem vindo para pegar meus livros e, ao descobrir ausente um componente em particular, dizer "eu não apreciei este livro porque faltou a coisa que eu gosto". Mas criticar-me como autor por não colocar aquela coisa que você gosta, como se fosse algum tipo de falha fundamental na minha personalidade, ética ou decência... Isso é, foi e sempre será... uma porcaria. [...]"
Porque obviamente mulheres em livros de fantasia são uma "coisa que você gosta", do mesmo tipo que elfos, dragões ou anões são (ou jovens bruxos corajosos e política maquiavélica). Sabe quando alguém te pergunta que tipo de livro de fantasia você gosta? Eu sempre respondo que gosto de livros de fantasia com elfos. Talvez agora eu devesse começar a responder que gosto de livros de fantasia com mulheres. Porque né, você sabe, a gente tem que especificar bem os tipos de criaturas mitológicas que a gente quer em um livro desse gênero. Elfos, dragões e anões não existem. São a "coisa que você gosta" em histórias de fantasia. E mulheres também são, é claro (pff, como alguém pode ter pensado que a gente existe de verdade um dia?). 

E onde estão os mitos sobre mim? Por que os elfos podem ser "elfos da luz" e "elfos escuros/drows" e eu, uma mulher e ser mitológico, que habita o imaginário dos homens há milênios, tenho que ser só "mulher"?

Exijo mais do que isso. Quero lendas extensas sobre as habilidades sobrenaturais das mulheres. Como, sei lá, dar à luz ou fazer xixi sem um pênis. Coisas incríveis assim, completamente absurdas e obviamente fantasiosas. Exijo que me chamem de "mulher soteropolitana", aquela que habita as ruas de Salvador durante o dia (porque de noite tá meio difícil e tal, desculpem. Podem reclamar com a produção) e se esconde entre os homens do curso de Relações Internacionais, sussurrando coisas sobre a política moderna em seus ouvidos e os levando a confundir Hobbes com Locke nas provas. Obviamente as lendas terão que esconder que eu não costumo usar roupas decotadas ou curtas porque não me sinto confortável nelas, e me darão um vestido totalmente transparente. Também terão que mentir sobre minha aparência, porque não sou lá tão bonita.

Mas lendas dão sempre um jeitinho em tudo, certo? Só espero que não me confundam com a "mulher pernambucana", porque por mais que a Globo tente lhes convencer do contrário, nossos sotaques não são os mesmos. Aposto que nossas habilidades sobrenaturais não são as mesmas também. A única "mulher pernambucana" que conheço (oi, Lana!) habita o curso de Direito e provavelmente sussurra sobre o código penal no ouvido dos homens durante as provas. 

Mas aí a coisa fica complicada. Há "mulheres soteropolitanas" que não habitam o curso de Relações Internacionais (são a maioria, mas shh) e "mulheres pernambucanas" que ficam longe do curso de Direito. Te indico apenas uma solução, homem mundano com quem falo enquanto assombro também a internet, e ela é simples: compre a mais nova edição de qualquer livro de RPG. Aposto que agora, após tanto tempo renegadas aos artigos confusos da Wikipédia, nós, mulheres, teremos nossa seção neles. E agora vocês finalmente poderão nos estudar de verdade. Talvez até a mim, um exímio exemplar da 'mulher soteropolitana". Talvez parem de nos confundir com sorvete. Quem sabe?

Óbvio que em seu post Lawrence culpa o ambiente medieval, o fato do livro ser pequeno e blá blá blá, coisa que já discuti no meu rant sobre a fantasia grimdark e que é história pra boi dormir (e que Daniel Abraham, autor de The Dragon's Path, discute nesse artigo, que vale muito a pena ler se você souber inglês). Em resumo, do better, Lawrence. Tente outra vez. Boa sorte na próxima.

E, pelos céus, alguém já chegou a dizer "não gosto desse livro porque não há homens bem construídos"? Ou "não gosto desse livro porque todos os - poucos - homens sofrem algum tipo de violência"? E somos nós mulheres comparáveis a mitos e a aspectos de narrativa, e não, você sabe, vistas como parte da humanidade?

Ah, desculpem. Esqueci que somos seres mitológicos. Falha minha. Oops.

EDITADO EM 14/12/14: Antes que comentem que estou querendo ditar o que ele (ou qualquer autor) deve escrever (porque eu não sei, já que em momento nenhum disse isso, mas né, viva as várias interpretações que podem ser feitas de um texto), não estou. Estou condenando sua justificativa, que considero ridícula e que dá entender que livros pequenos, com poucos POVs e ambientados em uma era medieval não possuem espaço para mulheres (e que mulheres são descartáveis em livros, já que existem, supostamente, histórias em que elas não se encaixam). Minha opinião? Ele não quis escrever um livro com mulheres e agora está tentando arranjar uma desculpa para o fato de ter feito isso, culpando, é claro, as pessoas que criticaram a história e usando essa ideia de que "tem livro em que mulheres em papéis importantes não se encaixam", que, como já disse, considero ridícula. Ele tem o direito de escrever um livro sem mulheres e/ou minorias em papéis importantes? Tem, óbvio. Ele é senhor de sua própria criação. Esses livros, no entanto, acabam se voltando para um público masculino heterossexual ou para mulheres/pessoas de minorias que não se incomodam com a falta de representatividade. Eu, porém, sou uma mulher que se incomoda, e se incomoda muito, com a falta de representatividade em qualquer livro que seja. Logo não faço parte do público de Lawrence. Se soubesse dos problemas de representatividade de Prince of Thorns, jamais teria gastado a grana que gastei nele logo quando foi lançado aqui no Brasil e obviamente não o teria lido. Mas eu li. E não gostei. E escrevi uma resenha apontando tudo que não gostei, porque eu tenho esse direito. E vou rir na cara de quem reclamar que estou sendo fresca ou "feminazi" (só rindo mesmo, ai) porque, adivinha?, eu tenho direito a não gostar de algo pelo motivo que for. Assim como quem acha que estou sendo fresca ou que sou "feminazi" tem o direito de gostar do livro, sendo ele bom em representatividade ou não. Simples assim.

Esse blog é derivado de um do mesmo nome que tenho no Tumblr, onde os leitores, até onde eu sei (e olha que estou lá no Tumblr há mais de um ano, então conheço quem lê o que eu escrevo), também se importam com representatividade. Se você não se importa, esse é o último blog possível para você nesta Terra. Mas se quiser pode ficar, desde que mantenha o respeito se vier a comentar algo. É isso.

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16 comentários

  1. Já não queria ler os livros dele (sempre pressenti que o tal do Jorg era só um babaca inescrupuloso e violento pintado como "anti-herói", coisa que sua resenha muito boa confirmou), agora quero menos ainda, lá-lá-lá... :D

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    1. Realmente não vale a pena. Ontem, aliás, acabei discutindo com o Lawrence por causa do post dele, no Twitter e no Reddit, e posso afirmar: o cara não dá a mínima para a representação de mulheres ou minorias em seus livros. Depois de ontem, passarei longe de qualquer coisa que ele escreva. Pior tipo de escritor que existe :/

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  2. Eu sou mitológica, cara. Ninguém chega no meu nível de 'divice' sem ser.

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  3. (Agora, sei que tu não curte o Brooks e tal. Mas quando ele publicou o Espada de Shannara, apontaram a ele a pouca relevância das personagens femininas na trama - apesar de que eu gosto da mocinha lá de Callahorn, ela é despachada! - e ele pediu desculpas. E daí em diante, geralmente os livros da série tem protagonistas femininas ou no mínimo personagens de bastante destaque)

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    1. Sabe que eu até estava pensando em dar uma nova chance pra ele? Vi um vídeo dele (suspeito que foi você que postou no Twitter, mas não me lembro) e simpatizei pra caramba com o cara. Me senti até culpada. Talvez essa nova chance role, principalmente com ele tendo se desculpado. Com a série agora, provavelmente tentarei o segundo volume de A Espada de Shannara.

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  4. Li os livros e gostei. Não acho de forma alguma que o ocorrido seja esse bicho de sete cabeças que estão tentando transformar! Penso que ele é o autor, por isso ele escreve sobre aquilo que ele quiser; Quem estiver incomodado pode simplesmente começar a escrever um livro com aquilo que vocês desejar.

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    1. Eu estou escrevendo exatamente o livro que quero ler, Juliana, mas acredito (e você pode discordar, claro) que representatividade importa e importa muito, e ele como um escritor de sucesso e influente deveria saber disso. Pra mim, um autor (bem, uma pessoa) decente deve visar representar o maior número possível de minorias ou grupos oprimidos em suas histórias. Ter mulheres, pessoas LGBT e POC em livros é reconhecer sua existência e lhes "dar" a voz que eles merecem. Lawrence não se importa com isso. Ele mesmo disse (e se quiser te mando o lugar onde ele disse) que representatividade de mulheres não é seu primeiro, segundo e nem décimo oitavo pensamento na hora de escrever uma história. Ele não se importa, e nos considera descartáveis. Só nos coloca na história se sobrar espaço, já que ele mesmo disse que o livro é curto demais para ter mulheres. E eu tenho todo direito de não concordar com isso, já que sou mulher, leio fantasia desde sempre e não vou mudar o mundo apenas com o livro que estou escrevendo. Ele pode escrever o livro que quiser, mas isso o torna um escritor no mínimo ignorante, já que está alienando boa parte do seu público com esse tipo de comportamento. Fiz esse post aqui no blog justamente para alertar quem pensa como eu; quem não se importa, como você, vai continuar lendo os livros dele sem problema.

      E, como disse ali no outro comentário, falei com ele ontem e acredito firmemente que ele é um babaca de marca maior pelo modo com que me tratou. Você (ou qualquer pessoa) ter gostado do livro não dá ao livro impunidade. Eu amo O Senhor dos Anéis, mas reconheço que ele tem uma representação feminina muito fraca. Infelizmente, Tolkien já morreu, então não há mais nada que possa se fazer. Lawrence, porém, está vivo, mas não está aberto à críticas. E tem zero de profissionalismo, falando nisso.

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    2. Nossa querida que texto maravilhoso. vou responder por partes."Ter mulheres, pessoas LGBT e POC em livros é reconhecer sua existência e lhes "dar" a voz que eles merecem"Eu compreendo,O que você está comentando... E provavelmente vão dizer que tudo que comentei foi um erro, claro isso varia de "o que é certo ou errado" para a pessoa que ler. Mais em questões como essa eu não necessariamente admiro o autor, gosto de sua criação. o mesmo caso com Ender's Game que o autor é muito errado, mais mesmo assim o livro é um dos melhores que já li. Primeiramente Para que serve um livro? Em minha humilde concepção, Livros para mim são a criação e a execução de uma ideia. é muito difícil ter ideias. Elas não são fáceis. Em todo caso, existe livros que sou capaz de ler mesmo com algum sentimento da minha vida pessoal interferindo, Tem livros que leio quando estou com raiva, tem livros que me ensina coisas novas. Hã livros também que defende as minorias lembra que elas existem(muito importante). Um numero infinito de ideias para infinitas ocasiões e estado de paz de espírito. A obra do mark lawrence certamente não agregou nada a mim, nem pude absorver a ideia ou o que ele quer dizer, mais eu preciso de livros assim as vezes entende? Apenas ler uma obra do gênero que gosto(Dark fantasy) e aproveitar um tempo de nada mais nada menos que entretenimento sem agregar nada sem gostar do autor, ler simplesmente pelo fato de me divertir. De qualquer forma agradeço por ter me respondido e peço desculpa por qualquer incomodo que causei direto ou indiretamente a sua pessoa.

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    3. Não precisa se desculpar! É justamente que minha visão de livros é diferente da sua. Eu acho que há muitas obras como as de Mark Lawrence lá fora. O problema é que não tem muitas que incluem esses outros grupos, por isso acho que a crítica é pertinente. Existem vários outros livros, também de dark fantasy/grimdark, que não têm muitas mulheres e nem as representam bem (de cabeça lembro de O Poder da Espada, de Joe Abercrombie), mas muitos desses autores reconhecem que poderiam ter feito coisa melhor. Lawrence não faz isso. Ele acha que está certo e fim.

      E entendo gostar de coisas problemáticas. Assisti o filme de Ender's Game sabendo que o livro era de um cara pra lá de homofóbico, adorei a história e os personagens, e talvez um dia leia o livro, mas não vai ser algo que defenderei mesmo gostando, porque sei que está errado. Vou deixar as pessoas "caírem em cima" mesmo. Só assim outros autores perceberão que é preciso mudar o modo com que essas histórias são contadas.

      Leio livros principalmente para me divertir. Mas não consigo me divertir com livros com histórias sexistas apenas porque o autor não se importa com seu próprio público/não se importa com grupos oprimidos. Mas aí, como você disse, vai de cada um mesmo.

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  5. Ultimo comentário prometo, E que esqueci de escrever a respeito do espaço que as personagem femininas tem nesse gênero. Concordo quando diz que tem pouco espaço, A final é um tema que é mais atraente para o publico masculino, Da mesma forma que tem temas que é mais atraente para o publico feminino. Acho que essas coisas com o tempo si resolve, Vai aparecendo mais autoras e vai dando destaque, e assim as coisas vai si ajeitando naturalmente sem precisar forçar o autor/autora por algo que não quer. E esqueci de comentar que de certa forma gostei do mark ter si manifestado dessa forma, Afinal ele foi transparente prefiro isso(pois assim sei qual é sua verdadeira face) Do que alguns autores que tem ai(que prefiro não citar nomes) Que Levantam a bandeira de LGBT entre outras minorias apenas para vender mais, Quando os próprios(me desculpe a palavra de baixo calão) Estão si fudendo pra isso. Esses pra mim são os piores tipo... São os tais lobos em pele de cordeiro. Encerro meus comentários por hoje. Te desejo uma boa noite.

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    1. Sim, é verdade que foi bom ele ter falado isso porque pelo menos revela quem ele é de verdade. Aí já não chego mais perto mesmo, nem dele e nem dos livros dele. E concordo com você; tem muito escritor por aí que só quer se bem visto pelo público, mas não faz se importa muito. Mas desde que faça sua parte ao representar esses grupos em suas histórias, não me importo.

      Mas discordo quando diz que fantasia atrai mais homens e outros gêneros atraem mais mulheres. Hoje mulheres são uma parte imensa do público de literatura fantástica; acredito que já são quase metade, se não metade mesmo. Fantasia (e ficção científica) que é um gênero historicamente dominado por homens, que, muitas vezes, não querem sair do trono.

      E boa noite!

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  6. Acredito que o autor tenha a liberdade de expressar sua criatividade da forma que melhor lhe convir, não acho que ele tenha que por elementos que nós queremos simplesmente porque achamos que tenha que ter e lhe culpar por não ter. O livro é a expressão criativa de um autor, e não nossa. Se a questão é que haja uma mulher com destaque no livro, deve-se buscar livros que tenham o mesmo, e não esperar que todo o livro deva ter. Pode-se recorrer, por exemplo, às Fronteiras do Universo, Direitos Iguais Rituais Iguais, à Torre Negra ou As Crônicas de Nárnia, todos excelentes livros com protagonistas femininas ou personagens com destaque e importância, ou mesmo As Crônicas do Mundo Emerso. Do mesmo jeito que existem ótimos livros com grande destaque da mulher, existem aquele que tem pouco ou nenhum, e isso não é ruim, porque é uma expressão do autor, e não se pode exigir que ele insira o que nós queremos. Cabe a nós, enquanto leitores, quando insatisfeitos, buscar aquilo que nos satisfaz, e não querer moldar narrativa do autor e lhe restringir a liberdade de escrever o bem entender, DS mesma forma que ele nos da a liberdade de não gostar do livro e de não le-los.

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    1. Todos esses livros são excelentes, mas somente As Crônicas do Mundo Emerso faz parte do meu tipo preferido de fantasia (um pouco mais adulta do que As Crônicas de Nárnia, e de alta-fantasia). Respeito o autor expressar a criatividade dele e não estou querendo forçá-lo a escrever algo que ele não quer. Só acho a justificativa dele ridícula, já que dá a entender que livros pequenos, com poucos POVs e situados em um ambiente medieval não têm espaço para mulheres em papéis importantes e que foi por isso que ele não as incluiu, e isso é ridículo. Claro que dá. Ele só não quis e, sinceramente, teria sido melhor se ele não tivesse tentado jogar a culpa nas críticas que a escolha dele lhe rendeu e simplesmente admitisse que não é o que ele quer escrever. Aí quem procura esse tipo de coisa na literatura fantástica - mulheres e minorias com papéis importantes - estaria alertado de que não vai encontrar isso nas obras dele. Mas não, ele teve que ser rude e escrever um texto todo com base de "tenho 30 mil avaliações, não estou nem aí para a crítica de vocês" para (tentar) rebater as críticas, e isso, na minha opinião, foi no mínimo um ato digno de pena.

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  7. Nunca li nada do Mark Lawrence, mas via os livros dele na livraria e pensava em comprar, achava tão bonitos. Obrigada pelo post, evitou que eu gastasse com um livro que iria me chatear muito.
    E que respostinha chinfrim a dele! Toda expressão artística tem um desdobramento político, e ele deixou bem claro o dele: danem-se as mulheres e outras minorias, não escrevo pra vocês e não me importo com vocês.
    Continue escrevendo lindamente e se posicionando,

    Beijas!

    Fran

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    1. A edição da DarkSide dos livros dele é maravilhosa mesmo. É uma pena que a história não compense.

      E sim, foi a explicação sem noção dele que me deixou irritada. Na verdade, toda essa ideia de que mulheres (ou minorias) são dispensáveis me deixou pra lá de desconfortável. Cada um pode escrever o que quiser, claro, mas nunca vou respeitar um escritor que escolhe excluir uma parte dos seus leitores sem parar para pensar no que isso representa. É o tipo de comportamento que me deixa até enojada, já que é um jeito de deixar claro quem, na opinião do escritor, merece uma história ou não. E pro Lawrence mulheres obviamente não merecem, então, né...

      Obrigada pelo comentário. Beijos!

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  8. Esse também é o principal motivo de eu não er assistido a série Sobrenatural (já que mulheres lá só servem pra ser par romantico, ser a "vadia" demoniaca, ser vitima e é claro, ter uma morte bem brutal!) . E sobre essa resposta misogina desse autor me parece ate os mimimis dos consercadorrs dizendo "agora pra tudo tem que ter mulher, negro e gay"? Aí eu digo com orgulho que sim, pois esses autores e publico conservador tem que entender q nao sao só eles que existem no mundo e querem se ver bem representados! Porque não fazer uma historia em que homens, mulheres, negros e brancos, hetero/homo/bi/assexuados tds se sintam representados? Tenho ate impressao que eles sao tao inseguros com o que é diferente deles que dao um jeito de excluir ou desempoderar quem supostamente estaria "acabando" com o protagonismo egoista deles.

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