The Captive Prince Trilogy: Captive Prince | Prince's Gambit | Captive Prince #03
C.S. Pacat
Penguin Books
★★★★★
C.S. Pacat
Penguin Books
★★★★★
Damen é um herói para seu povo e o verdadeiro herdeiro do trono de Akielos, mas quando seu meio-irmão toma o poder, Damen é capturado, despojado de sua identidade e enviado para servir o príncipe de uma nação inimiga como um escravo de prazer.Bonito, manipulador e mortal, seu novo mestre príncipe Laurent simboliza o pior da corte de Vere. Mas na teia política letal da corte veretiana nada é o que parece, e quando Damen se vê preso em um jogo pelo trono, ele deve trabalhar em conjunto com Laurent para sobreviver e salvar seu país.Para Damen, há apenas uma única regra: nunca, jamais, revelar sua verdadeira identidade. Porque o homem que Damen precisa para escapar é o único com mais motivos para odiá-lo do que qualquer outra pessoa…*
Eu estava tão pronta para odiar esse livro.
É sério. Encontrei-o no Goodreads na mesma ocasião em que achei Luck in the Shadows, quando estava procurando por livros de fantasia com diversidade (tanto de sexualidade quanto de raça), e a sinopse me fez ficar meio ew. Veja bem, como comentei na resenha de Luck in the Shadows, a literatura de fantasia LGBTQ é voltada principalmente para o romance, coisa que eu não aprecio muito por não gostar de livros só de romance, mas outro aspecto também contribui para esse “desgosto” meu: o fato de que a maior parte desses livros sempre acaba sendo de erótica.
Nope, eu não tenho nada contra quem lê ou escreve histórias assim, mas quando 90% dos livros de fantasia LGBTQ (mais os que falam de romance entre homens) é assim isso é sinal de que há um problema, e esse problema se chama fetish. Sabe a cena lésbica protagonizada por mulheres heterossexuais em O Festim dos Corvos, quarto livro de ASOIAF? Aquilo é um presente para os homens heterossexuais que leem esses livros. É fetish, e é banalizar e rotular esse tipo relacionamento apenas para satisfazer um grupo entre os leitores, porque, bem, alguns homens acham mulheres lésbicas sexy (mas apenas se forem bonitas, do contrário é feio e repugnante). E isso também acontece com algumas mulheres, que também acham homens gays sexy (novamente, apenas se forem bonitos). Como são os homens que mandam na mídia mainstream, a “fetishzação” (?) de relacionamentos lésbicos aparece na TV e nos livros de sucesso, e como mulheres geralmente não têm vez, a “fetishzação” de relacionamentos gays fica restrito a nichos literários minúsculos se comparados ao tamanho do mercado.
É o que acontece muito com a literatura de fantasia LGBTQ. Estou dizendo que todos são assim? Não. Alguns são eróticos porque são eróticos e acabou, do mesmo modo que romances heterossexuais o são, mas enquanto alguns têm uma qualidade ótima, muitos não se preocupam muito com construção de personagem ou de plot, e dão a impressão de que é o sexo apenas pelo sexo. O que, na minha opinião, não é problema (acredito que se tem público é válido, mas uma não “fetishzação” de relacionamentos LGBTQ seria uma maravilha, sabe); o problema é a total falta de histórias de fantasia LGBTQ que não são assim.
Tem gente que não gosta de livro com sexo ou que não se importa se este não for um elemento frequente, e que gostaria muito de ler histórias LGBTQ que se parecessem mais com as mainstream heterossexuais, que (normalmente) são mais sobre o desenvolvimento do relacionamento do casal ou que possuem um plot não voltado para o romance. (cof eu cof). Acredito inclusive que a literatura de fantasia LGBTQ acaba afastando o público mainstream por ser tão dominada por livros mais sexuais.
Então, sim, mais livros com mais desenvolvimento de personagem/plot para a literatura fantástica LGBTQ, por favor (sexuais ou não, mas de preferência não sexuais e tal).
(Tipo Luck in the Shadows, saca).
Enfim, voltando para Captive Prince, pensei que esse livro se encaixaria totalmente na categoria “‘fetishzação’ de relacionamentos homossexuais”, mas resolvei lhe dar uma chance porque o tanto de resenha dando 5 estrelas para essa história não está no gibi. Baixei os livros e comecei a ler o primeiro volume quando já era de tarde. O resultado? Já era umas 3 da matina quando terminei o livro 2 e lembrei que o mundo existia e que, hey, eu tinha que acordar em três horas para ir pra faculdade. Oops.
(Claro que não dei a mínima pra isso e fui atrás do livro 3 apenas para descobrir que ele ainda não foi lançado) (imaginem minha agonia).
Os personagens, o worldbuilding e a escrita foi o que me fizeram gostar tanto de Captive Prince, tanto que os dois volumes da série foram os únicos a receber 5 estrelas de mim esse ano além de Aprendiz de Assassino da Robin Hobb.
O mundo de Captive Prince não é muito abrangente. A história se passa quase completamente em Vere, e só recebemos muitas informações mesmo da própria Vere e de Akielos, país de Damen (cujo nome de verdade é Damianos), onde os nomes das pessoas e lugares meio que soam gregos (coisa que não tinha visto antes em livros de fantasia, o que me surpreende porque é uma ideia tão óbvia???). Os dois países praticam a escravidão, mas de modos bem diferentes. Enquanto em Akielos os escravos são tratados com respeito e até mesmo afeto, em Vere eles são vistos como menos que animais. Aliás, Vere é o país mais “diferente” da história, e como o vemos através de Damen, as diferenças culturais entre as duas nações ficam bem evidentes. Homossexualidade não é visto como algo horrível em nenhuma delas, porém, e em Vere relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo são muitas vezes preferidos entre pessoas solteiras, já que os veretianos abominam a ideia de filhos bastardos, então relacionamentos entre homem/homem e mulher/mulher são extremamente aceitos e a sociedade os vê como algo normal.
(Um mundo de fantasia sem homofobia??@#$@!!!! Que milagre, hein?)
Há sexo (e estupro) nos livros também, graças à cultura de Vere. Sim, a maior parte desse tipo de violência é direcionada aos escravos (a coisa toda me deixou meio horrorizada e meio ew, mas o Damen também fica completamente horrorizado, então é aquela velha história de choque cultural). [SPOILER PEQUENO] Não há nenhum tipo de interação romântica/sexual entre os personagens principais no primeiro livro, e no segundo isso só acontece lá pro final, o que achei absolutamente fantástico, porque yay, desenvolvimento do relacionamento dos personagens!!!! [FIM DO SPOILER].
A escrita também é ótima. Não é do nível de descrição que eu gosto geralmente, mas é rápida e envolvente, e fez com que eu lesse os dois livros tão sem perceber que nem parecia que eu estava lendo em outra língua.
Mas o que conquistou mesmo foram os personagens. Captive Prince é interessante porque não se encaixa em fantasia voltada para o plot ou em fantasia voltada para o romance, mas sim em fantasia voltada para os personagens. Todos, dos principais aos secundários, possuem objetivos e personalidades próprias, e isso torna difícil de decidir quem é confiável ou não; não lembro de um sequer que foi reduzido a uma trope ou estereótipo, aliás.
Apesar de adorar o Damen (os comentários dele são sempre a+), Laurent é de longe, muito longe, o meu preferido. De início pensei que ele fosse ser o já manjado príncipe frio e blá blá blá, mas Laurent é bem mais profundo e bem desenvolvido, e todos os seus relacionamentos com outros personagens são muito interessantes (destaque para o com o Damen, lógico, mas também para o com seu irmão, Auguste, que morreu em uma guerra entre Akielos e Vere e que, hm, foi morto pelo Damen, e o com seu tio, o rei, que se tornou regente e que supostamente deveria governar até que Laurent se tornasse de maior idade, mas que agora meio que não quer devolver o trono). Como eu disse, Captive Prince é mais sobre os personagens, então as intrigas e jogos pela coroa de Vere derivam justamente da relação entre Laurent e seu tio (e por isso eu classificaria essa história como baixa-fantasia).
O relacionamento entre Laurent e Damen, aliás, é incrível e se desenvolve de uma forma totalmente verdadeira. Já cansei de ver essas histórias em que o casal (hetero, homo, não importa) se odeia no início e depois se apaixona, já que na maior parte delas essa transição é feita de modo completamente sem sentido. Em Captive Prince não. O romance é maravilhoso não pelas cenas em que há alguma interação romântica (praticamente inexistentes durante 90% dos dois livros juntos), mas sim porque podemos ver (e sentir) que a coisa toda é real. E uma boa parte disso se deve à caracterização dos personagens, que se mantém consistente durante toda a história. Falando nisso, acho que muitas pessoas não se dão conta de caracterização é a chave para tudo, e se tratando de romance é essencial. Uma caracterização pobre e mal-feita teria feito alguma coisa rolar entre Laurent e Damen no início do livro um, porque muitos escritores pensam que ao escrever romance tem que se colocar interações românticas/sexuais logo de cara, já que supostamente é isso que o leitor quer (é, mas não desse jeito). E se algo tivesse mesmo acontecido entre Laurent e Damen no início isso iria total e completamente contra suas personalidades, o que tornaria a coisa toda irreal, fraca e sem importância. Não faria sentido. Um leitor mais atento acabaria pensando, ei, isso não tem nada a ver com o modo com que o Laurent e o Damen agem e ele estaria certo.
Felizmente, a caracterização da Pacat é uma das melhores que eu já vi. No blog dela há alguns posts sobre como ela estruturou algumas cenas, os dvd commentaries, e nossa, como também sou (uh, quero ser) escritora me bateu até o desânimo ao perceber o quanto de caracterização ela considera antes de escrever uma linha de diálogo, porque eu não me importo tanto com isso, mesmo sabendo que é essencial. Então, né, uma no meio da minha cara pra ver se aprendo.
E para finalizar, os plot twists são ótimos e realmente inesperados. Eu não estava esperando nenhum deles em um livro desse gênero, porque geralmente não há muito cuidado com plot (ou personagem), mas né, eu estava enganada.
Aliás, tudo nesses livros foi ótimo e eles próprios foram bem inesperados. Nunca mais julgo um livro pela sinopse (tá, julgo, mas pelo menos me comprometo a lhes dar uma chance). Captive Prince foi uma surpresa tão boa que mal posso esperar para comprar os livros de verdade, mas isso só ano que vem (Captive Prince era postado na internet, depois publicado de modo independente e agora foi escolhido por uma editora, que vai lançá-lo de novo, so yay, mal posso esperar para ter minhas edições uwuwuwuwuwu) (e mal posso esperar pelo livro 3, acelera aí por favorzinho, Pacat).
Indico Captive Prince para quem está procurando uma fantasia mais diversa, com personagens excelentes, worldbuilding interessante e escrita envolvente. 5.0 estrelas.
*tradução livre
10 comentários
Acabei de ler os dois livros e estou em choque......será que ela se baseou na palavra "Maquiavel"? Pois tudo é muito maquiavélico,não se sabe de onde virá próximo tiro...Laurent é simplesmente divino e que mente afiada...ohhh Damien que lindo e que choque de realidade que ele teve. Ansiosíssima para o terceiro....sem previsão que pena.
ResponderExcluirAdorei sua resenha e concordo com tudo que falou. Parabéns
Fico feliz que tenha gostado da resenha! E sim, adorei Captive Prince justamente pela complexidade dos personagens, que são fantásticos.
ExcluirE sim, sem previsão para o 3 ainda :/ O jeito é esperar.
Onde eu baixo
ResponderExcluirOnde eu baixo
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEu realmente quero saber onde tem para baixar!!!! Please?!?!!
ResponderExcluirMeru Chan.Baixei nesse site
ResponderExcluirhttp://pt.bookzz.org/s/?q=captive+prince&yearFrom=&yearTo=&language=&extension=&t=0
Onde você leu ??????
ResponderExcluirOnde você leu ??????
ResponderExcluirMeninaaaa amei sua resenha pq todos falam super bem desse livro, mas tinha o pe atras, achamdo q ia foca 100% nonromance homo e esquecer a historia, mais agora realmemte vou ler principalmente pq vai ser lançado aqui. 😘👍
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