4 estrelas fantasia

Resenha: Heir of Fire, Sarah J. Maas

20:28neo

Série Trono de Vidro: A Lâmina da Assassina | Trono de Vidro | Coroa da Meia-Noite | Heir of Fire | Queen of Shadows | Untitled | Untitled
Sarah J. Maas
Galera Record
★★★★

Celaena Sardothien sobreviveu a uma competição mortal e a uma dor estilhaçante - mas a um custo indescrítivel. Agora ela deve viajar para uma nova terra para confrontar sua mais escura verdade... uma verdade sobre si mesma que poderá mudar sua vida - seu futuro - para sempre.
Enquanto isso, forças brutais e monstruosas estão se reunindo no horizonte com a intenção de escravizar seu mundo. Para derrotá-los, Celaena deve encontrar a força para lutar não só contra seus demônios interiores, mas também contra o mal que está prestes a ser desencadeado.
A assassina do rei assume um destino ainda maior e queima mais brilhante do que nunca nesse seguimento ao best seller do The New York Times Coroa da Meia-Noite.

(Spoilers para os volumes anteriores!)

Heir of Fire é o livro que Coroa da Meia-Noite não conseguiu ser. Ele é ótimo, quase excelente. Nele, Celeaena deixa Adarlan para trás, o que significa que ela deixa os dois Mr. Sunshine para trás, aka, Chaol e Dorian.

Ou seja, o livro não tem romance.


É incrível o quanto o livro melhorou quando esse aspecto foi retirado. Sério, não foi pouco. E, bizarramente, foi quando Celaena finalmente se viu livre de toda pressão imposta pelos deuses dos livros YA pra um romance acontecer que eu desejei que ele acontecesse. Mas vamos por partes.

Antes de tudo, os defeitos. Pra mim o maior de todos foi a falta de worldbuiling. Ou melhor, a falta do novo no continente completamente desconhecido (para os leitores) para onde Celaena vai. Sim, lá tem os Fae e uma ou outra criatura que não é vista em Adarlan, mas em momento algum senti como se estivéssemos mesmo em outro lugar. No máximo tivemos Celaena falando que cá era mais quente do que lá e fim de papo, simples assim. O livro teria ficado bem melhor se esse aspecto tivesse recebido um pouco mais de atenção.

Segundo, as partes de Chaol e Dorian são um saco. Sim, eu entendo que elas eram sim necessárias, e eu gostei de algumas coisas que foram introduzidas através delas, mas Jesus Cristo, a do Chaol principalmente foi um teste de resistência. Chaol era o meu personagem favorito em Trono de Vidro, mas aqui em Heir of Fire eu assistiria a morte dele sem nem piscar. Ele ficou estupidamente chato e sua dificuldade de se decidir, ainda que, de certa forma, crível, se tornou um pé no saco depois de certo tempo. E o Dorian... O romance dele com a Sorscha foi legalzinho, mas teve zero desenvolvimento, então meh, e o resto foi ainda mais monótono.

Fora isso, o livro é muito bom.

Novos personagens nos são apresentados, e a mais interessante é sem dúvida Manon, uma bruxa do clã Blackbeak, que é, sem mais nem menos, má. Aliás, todas as bruxas Ironteeth - as Blackbleaks, as Yellowlegs e as Bluebloods - são. Cinco séculos atrás as Ironteeth lutaram contra as bruxas Crochan - as bruxas do bem - pelo Witch Kingdom e ganharam, de certo modo, mas a última rainha Crochan lançou uma maldição no reino, que se tornou um lugar desolado e quase inabitável. Desde então os três clãs de bruxas Ironteeth vem procurando um jeito de reverter o feitiço. 

Quando o rei de Adarlan propõe um acordo com os três clãs, prometendo auxiliá-las a recuperar seu lar perdido se elas o ajudarem a conquistar o resto do continente/mundo, elas obviamente aceitam sem pensar duas vezes. E a tarefa que o rei de Adarlan tem para elas é bem simples: liderar um exércitos de wyverns para a batalha.

Durante o livro todo, portanto, acompanhamos Manon e as outras bruxas enquanto elas treinam com as wyverns. Depois das partes da Celaena essas foram sem dúvida as minhas favoritas. Manon é uma ótima personagem e seu desenvolvimento é feito de forma espetacular. Ela é cruel, calculista e fria, mas de certa forma ainda "humana", e Maas fez um ótimo trabalho ao mostrar isso.

Outro novo personagem é Aedion, primo e amigo de infância de Celaena (ou melhor, Aelin). Aedion se tornou um dos generais mais temidos do rei de Adarlan, mas (é claro) na verdade ele é ainda é leal à Terrasen e a seu povo. Além disso, ele era uma espécie de "protetor" de Aelin, e se culpa bastante por sua suposta morte. Logo, é óbvio que quando ele descobre que ela está vive ele fica mais do que determinado a reencontrá-la. 

Dos caras apresentados em Heir of Fire ele é sem dúvida meu favorito e o mais bem desenvolvido. Vai ser interessante ver como ele e Celaena vão interagir depois de tanto tempo separados.

E, por último, temos Rowan, um príncipe Fae que serve à rainha Maeve que fica encarregado de treinar Celaena em magia. Eu também gostei dele, mas algo em sua história me incomodou. Mencionarei o quê lá embaixo porque spoilers.

Enfim, foi justamente o relacionamento entre Rowan e Celaena que me fez querer que esse livro tivesse romance. Quero dizer, pela primeira vez em três livros há um relacionamento com desenvolvimento, e um desenvolvimento até bem feito. Rowan e Celaena vão de estranhos que não se gostam para bons amigos de modo bastante convincente, e a autora passa o livro inteiro lembrando ao leitor que nope, não há nada romântico entre eles, muito obrigado.

É aí que eu me pergunto, por quê?

Chaol e Celaena não tiveram um décimo do desenvolvimento de Rowan de Celaena. Dorian e Celaena então, nem se fala. Nem mesmo a amizade de Nehemia e Celaena foi tão bem construída, e essa amizade é literalmente o relacionamento mais importante da história inteira até agora, mesmo com a Nehemia morta. 

A coisa estranha é que eu acho que Celeana e Rowan tiveram esse desenvolvimento todo justamente porque eles não foram programados para serem um casal. Se eles tivessem sido a autora acabaria metendo um instalove nas primeiras três conversas entre os dois e depois de 100 páginas ambos já estariam jurando amor eterno ou o sentimento todo acabaria brotando do nada depois de metade do livro já ter passado (((tipo Chaol/Celaena))). Eu absolutamente não entendo o que autores têm contra construir um relacionamento amoroso com ticozinho só de desenvolvimento/amizade/whatever. Não é tão difícil, e é tão mais convincente.

Sem falar que o Rowan não fica de birra com o fato de que a Celaena é meio-Fae (como o Chaol fica) e nem com o fato de que ela é uma assassina (como o Dorian faz).  Quando a Celaena vê o Rowan sem camisa e não há nenhuma descrição mimizenta de 500 palavras cheia de metáforas piegas e/ou purple prose e ainda assim ela reconhece que ele é atraente eu quase me ajoelhei para agradecer a todos os deuses existentes.

Mas afinal, o que isso significa? Sim, isso mesmo, que meu ship já nasceu morto. RIP.

Anyway, falando em desenvolvimento, o da Celaena também foi ótimo. Em Heir of Fire finalmente nos é mostrado todos os segredos do seu passado (não que eles fossem tão difíceis assim de adivinhar, mas né) e ela passa boa parte do livro lidando com a morte de Nehemia e principalmente com o que a morte de Nehemia acabou despertando. Seu luto aqui é bem real, assim como foi em Coroa da Meia-Noite, e foi bem interessante ver ela lidar com a culpa que a manteve afastada de quem ela realmente é durante esse tempo todo. 

Ah, e tem um casal queer no background. Quase sem importância para a história, mas né, melhor que nada. Também é um casal mais velho, o que é bem raro em livros, o que achei legal.

Enfim, no geral Heir of Fire é sim um livro bom. Não vai entrar na minha lista de favoritos, mas com certeza me fez ver a série com outros olhos. 4.0 estrelas.

SPOILERS!!!! Não leia se não quiser saber o final de Heir of Fire.

Rowan se tornou o impassível guerreiro Fae após sua mulher grávida morrer. Como sua mulher grávida morreu? Ora, ela tentou convencê-lo a não partir para a batalha, mas ele foi mesmo assim e quando ele voltou é claro que ela estava morta. E é claro que ele passou anos depois disso meio insano. Eu só me pergunto, era mesmo necessário colocar uma mulher no refrigerador pra um homem passar séculos sofrendo? Ainda mais quando a morte dela é indicada como tendo sido extremamente violenta? 

Tipo, why.

Podiam ter feito algo como Sorscha e Dorian, por exemplo. Sorscha morre e Dorian provavelmente vai sofrer horrores por causa disso, mas ela tinha sua própria vida, seus próprios objetivos. Ela era uma espiã, e ela morreu por ser uma espiã. Claro que o rei a matou na frente dele para irritá-lo e tal, mas ela tinha sua própria história. A mulher do Rowan, por outro lado, era só a pobre esposa grávida deixada para trás por seu marido impetuoso. ZzZzZZZzZ

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5 comentários

  1. Agora fiquei empolgada para ler esse livro! Também vi as suas resenhas dos demais livros da série e concordo: o segundo foi realmente melhor que o primeiro, ainda que o worldbuilding também tenha deixado a desejar nele. Sobre o final do segundo livro, eu gostei, apesar de ter notado uma inconsistência no plot twist. Mas estou ansiosa mesmo para conferir o livro de contos, espero poder comprar em breve.
    Abraços!
    Sonhos, Imaginação & Fantasia

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    1. Eu estava esperando algo bem diferente da série (pensei que ela e a Aelin seriam amigas ou algo assim, mas né </3), por isso acabei me decepcionando, mas Heir of Fire compensou bastante. E o livro de contos é muito bom, na minha opinião. Tem tudo que faltou nos dois primeiros da série e tudo que fez de Heir of Fire um livro tão melhor que seus anteriores.
      Abraços!

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  2. Adorei os livros, mas Chaol nunca me convenceu em nenhum deles que merecia ser o par dela (ele é muito chato!). Acredito que estejam preparando a personagem para seu primo Aedion. Também adorei as partes das bruxas e me cansei nas partes de Dorian e Chaol.
    Achei a história muito melhor neste livro e estou louca pela continuação. Sim, vou ter que ler em inglês mesmo pelo jeito... rs

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    1. Nossa, no primeiro eu ainda gostava bastante do Chaol, mais do que do Dorian ou da própria Celaena, mas já no segundo ele se tornou insuportável. Hoje em dia gosto bem mais do Dorian do que dele, mas meu personagem preferido mesmo é provavelmente a Manon e, em segundo lugar, as bruxas do coven dela.
      E sim, esse livro tem uma qualidade muito superior ao dos anteriores, e só melhora no próximo!

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  3. Quando eu li O 1 livro da saga eu ja me desanimei - celeana era uma personagem q suas acoes nao era verossímil com sua personalidade de assassina FRIA E CRUEL, dai levei em conta q ela era psicopata msm, vazia de alma e espírito. - seria mais uma saga q não daria continuidade mas quando chegou nas últimas 150pgs eu realmente me empolguei e vi a história andar... O 2 foi um pouco melhor - mas ai percebi q ela nao era uma psicopata a autora q era ruim msm em criar personagens e tornalos contraditorios e sem lógica - depois do acontecimento com a neemia e da reação de celeana... - uma hora foi matar um esquadrão inteiro pra salvar o "seu amor", na outra tenta matalo, msm sabendo q ele não tinha nada à ver com o q aconteceu. >.> Ai no final ela descobre quem é o verdadeiro culpado e NÃO o mata! Ta ela mata mas so pq ele disse q ela era "boazinha - Não somente isso mas.. muitas ações nao condiz com a personalidade dos personagens em si. Apesar q TUDO o q aconteceu poderia ter sido algo bom se ouvesse uma explicação plausível pq "nao posso te perdoar msm sabendo q vc não é culpado""O amo mas o Odeio" kkk. Achei a Sarah uma boa escritora pelo mundo e história de fantasia q ela criou mas ela definitivamente não sabe criar personagens. Pq a mina condenar um inocente a forca msm sabendo q o choal era inocente e nao sentir um MININO de remorso por tentar matalo ou pela morte da amiga sabendo q ela poderia ter evitado se tivesse ao seu lado isso é psicopatia ou a autora é muito ruim e nao sabe o q e coerência.

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