A Torre Acima do Véu
Roberta Spindler
Giz Editorial
★★
Quando uma densa e venenosa névoa surge misteriosamente, pânico e morte tomam conta do planeta. Os poucos sobreviventes se refugiam no topo dos megaedifícios e arranha-céus das megalópoles.
Acuados, vivem uma nova era de privações e sob o ataque constante de seres assustadores, chamados apenas de sombras.
Suas vidas logo passaram a depender da proteção da Torre, aquela que controla os armamentos e a tecnologia que restaram.
Cinquenta anos se passam, na megacidade Rio-Aires, Beca vive do resgate de recursos há muito abandonados nos andares inferiores, junto com seu pai e seu irmão. A profissão, perigosa por natureza, torna-se ainda mais letal quando ela participa de uma negociação traiçoeira e se vê cada vez mais envolvida em perigos e segredos que ameaçam muito mais do que sua vida ou a de sua família.
A Torre Acima do Véu foi um dos primeiros livros que comprei esse ano, lá em janeiro ou fevereiro, que foi quando o tentei ler pela primeira vez e acabei desistindo por não conseguir "entrar" na história. Ontem, porém, estava querendo ler alguma coisa e Mage's Blood, minha leitura atual, não estava se mostrando tão atraente assim, então resolvi dar uma nova chance para essa distopia brasileira (também faz um bom tempo que não leio livro físico, e estava com saudades, oops).
Em A Torre Acima do Véu nos é apresentada uma sociedade decadente e bem interessante. Em um futuro que os países cederam lugar para blocos econômicos, uma névoa assassina começa a se espalhar e em pouco tempo elimina um número assustador de pessoas. Cinquenta anos depois, o que restou da humanidade (até onde se sabe) vive no alto dos arranha-céus e mega edifícios da mega cidade de Rio-Aires para escapar da névoa venenosa. Isso mesmo, Rio de Janeiro + Buenos Aires, com seus habitantes falando o que acredito ser uma mistura de português com espanhol. Enfim, esse resto de humanidade é governado pela Torre e vive de jeito bem precário, sempre com medo que as sombras - os "zumbis", aka os infectados pela névoa, - subam os prédios e os ataque.
Entre as pessoas afetadas pela névoa, porém, existem aquelas que acabaram com poderes especiais. A protagonista, Beca, é uma delas, sendo uma saltadora, ou seja, tendo uma agilidade e velocidade acima do normal.
Eu gostei bastante da premissa de A Torre Acima do Véu. Bastante mesmo. Mas, como na primeira vez que tentei ler, não conseguir entrar na história de jeito nenhum. A escrita não me agradou nem um pouco e em certos trechos me fez revirar os olhos. Ela não chega a ser ruim (nope, nem de longe), mas é muito "na cara" e muito cheia de tell. É tipo, ~coisa acontece acontece~ ~explicação dos sentimentos dos personagens com a óbvia intenção de fazer o leitor se sentir de tal jeito~, e pronto, repete o esquema de novo. Faltou um tanto de sutilidade na escrita, melhor dizendo, o que deixou a história bem sem emoção e sem tensão pra mim.
Os personagens são okay. Não são unidimensionais ao extremo, mas também não os achei muito desenvolvidos não. No geral, cumpriram bem seu papel na história, mas acredito que com uma escrita mais polida (por assim dizer) teriam se saído melhor.
Outra coisa que me irritou bastante foi o narrador omnisciente que deu às caras de vez em quando. Aqui é questão de gosto pessoal mesmo (bem, toda resenha é, mas né), mas eu odeio, odeio, narrador omnisciente. Sabe quando você tá lá no POV de Fulano e do nada na narrativa há alguma passagem sobre as intenções ou sentimentos de Cicrano sem que haja alguma indicação de que Fulano os adivinhou/percebeu baseado em algo? Sabe quando a coisa sai do nada mesmo, só pra informar ao leitor que Cicrano se sente desse ou daquele jeito mesmo quando o POV não é dele? Então, eu tenho um verdadeiro horror a narrativas que usam essa técnica. Sei que é válida e sei que tem gente que gosta, mas pra mim é trapaça. Não funfa. Sorry.
O final também me deixou meio decepcionada porque foi bem previsível e meio aberto. A Torre Acima do Véu é um livro único, mas é um livro único que acabou e me deixou com a sensação de que a melhor parte da história ficou de fora.
(A não ser que não seja um livro único? Mas revirei a internet e em todo canto que olho diz que é, so).
Enfim, A Torre Acima do Véu é um livro que eu provavelmente teria adorado se a escrita tivesse sido melhor. Como disse lá em cima, a ideia é muito boa, mas poucas vezes um livro tão pequeno (270 páginas) me deixou tão distraída e desinteressada, o que é uma pena. Apesar das cenas de ação constantes eu mal conseguia me concentrar e me manter lendo, e mesmo vale para as partes com grandes revelações ou informações interessantes. A autora criou sim uma sociedade bem realística (dada as circunstâncias), mas até mesmo todo o a-Torre-não-é-tão-boa-assim-etc-etc-etc me pareceu chato e cliché graças à escrita óbvia (quantas vezes já vimos a história do governo em questão não sendo tão bom assim, né? A coisa tem que ser muito bem feita pra funcionar depois de certo tempo). Anyway, 2.0 estrelas para A Torre Acima do Véu.
PS: Impressão minha ou os poderes nunca são explicados? p.p
4 comentários
Oi, comecei a acompanhar você faz pouco tempo e adorei muito o que li. Acho que li tudo o que você já postou em vez de estudar, ops. Enfim, suas dicas realmente estão me ajudando. Obrigada.
ResponderExcluirFiquei bem interessada para ler esse livro, porque, como disse, a ideia parece ser muito boa. Acho que, mesmo assim, vou gostar. Rsrsrs
Fico feliz que as dicas estejam ajudando! (E sei como é fugir dos estudos lol Ando fazendo o mesmo).
ExcluirE a ideia é muito interessante mesmo. Se a escrita fosse um pouco melhor acho que eu teria adorado a história.
Tenho muita curiosidade com esse livro, mas fiquei com o pé atrás depois de ler um conto da autora e não ter gostado da escrita (que foi justamente o que a incomodou). Ainda assim, vi diversas outras resenhas e fico curiosa para conhecer o mundo retratado.
ResponderExcluirO mundo é realmente muito interessante, por isso ainda considero a leitura como algo que valeu a pena. Mas a escrita realmente me incomodou :c
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