Lobo de Rua
Jana P. Bianchi
★★★★½
Essa é uma novela sobre homens, lobos e luas.
Raul é um morador de rua, um homem invisível e desgraçado como tantos os outros. Como se sua desgraça não fosse suficiente, Raul contrai a maldição da licantropia, tornando-se um lamentável lobo de rua. Tito Agnelli não compartilha do abandono de Raul, mas conhece muito bem a sensação de ser rasgado por dentro, todos os meses, pela coisa vil que se abriga nele. Assim, compadecido com o sofrimento do recém-transformado, Tito acolhe Raul na Alcateia de São Paulo, extinta até então por falta de lobisomens residentes na Pauliceia. Depois de décadas de contaminação, Tito conhece cada detalhe da maldição que o transforma em lobisomem. Além disso, conhece também a Galeria Creta, um lugar em São Paulo onde ele e outros dos seus são bem vindos nas noites de lua.
Basta pagar o preço.
Uma cópia digital foi cedida pela autora em troca de uma resenha honesta. Obrigada, Jana!
Quem acompanha o blog sabe que eu não tenho um grande amor por fantasia urbana não. Leio um livro ou outro do tipo de vez em quando, mas não é um subgênero que me agrada o suficiente pra que eu faça disso um hábito. Por isso comecei a ler Lobo de Rua - que é uma novela, tendo apenas umas 60 páginas - um tanto hesitante, mas a história logo me conquistou e eu deixei minhas neuras de lado.
A primeira coisa que me agradou foi a escrita. Sou muito chata nesse aspecto (e acho que todo mundo aqui já sabe disso), mas a escrita da autora me agradou bastante e fez a história fluir de modo perfeito. Como não estou acostumada a ler novelas ou contos (livros são muito mais minha praia mesmo), pensei que acabaria a história me sentindo insatisfeita por causa das poucas páginas, mas a boa da qualidade da escrita e os personagens interessantes provaram meus temores infundados.
Outra coisa que curti foi a "naturalidade" do texto. Na maior parte das vezes que leio um livro nacional de fantasia ou sci-fi (e nisso incluo distopia, óbvio) fico com a impressão de que tanto a narrativa quanto os diálogos soam demais como se fossem traduzidos do inglês. Sei que tecnicamente isso não faz sentido nenhum, mas acho que é um efeito colateral de lermos tantas coisas de fora, e bem, inglês e português são línguas bem diferentes. Usar uma do mesmo modo que se usa outra não dá muito certo, e é exatamente por isso que tradução é um negócio que dá um trabalho dos diabos e que pode dar errado pra cacete. Escrever em português usando a mesma estrutura do inglês? Fica horrível, pelo menos pra mim. Lobo de Rua escapa disso, felizmente. A novela soa "em português" do início ao fim, graças aos céus.
A única coisa que me incomodou mesmo foi que o final ficou um tico corrido. Nada muito grave, mas eu gostaria de ter passado mais algum tempo nas cenas finais para poder compreender o Raul melhor, por exemplo.
De qualquer forma, Lobo de Rua é uma história muito boa e que me deixou curiosa sobre o universo que a autora criou. 4.5 estrelas.
2 comentários
A Jana veio falar comigo alguns dias atrás, pra ver se eu gostaria de ler essa novela dela.
ResponderExcluirEm breve pretendo desbravar, espero gostar também!
Acho que você vai gostar sim, é bem interessante!
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