Plot é algo de extrema importância no mundo das histórias. É ele que atrai os leitores e é ele que pode carregar sua história se você falhar na hora de criar seus personagens. Ou seja, o plot é a espinha dorsal da sua história, mas como exatamente ele é estruturado?
MÉTODO DOS CINCO PONTOS
Esse é o método mais básico e o mais famoso dentre os métodos que buscam explicar a estrutura de um plot. Como o nome diz, ele é dividido em cinco pontos que você pode encontrar abaixo:
lembrando que apicedepandora = chimeriane |
- Exposição
É na exposição que você apresenta seu personagem e o lugar onde sua história se passa, provendo ao leitor as informações necessárias para que ele possa entender os acontecimentos que virão. A exposição também serve de contraste, já que mostra a “vida normal” do protagonista antes que seu mundo seja virado de cabeça pra baixo. Se bem aproveitado, esse contraste pode ser bastante útil na hora de desenvolver o personagem
- Ação crescente
É onde sua história realmente começa. É aqui que seu personagem sai do status quo e encara o conflito ou problema apresentado a ele, e onde provavelmente o seu leitor ficará interessado na história. É na ação crescente que boa parte do seu livro acontece, e seu papel como escritor é deixar o leitor curioso para saber o que os eventos aqui mostrados acarretarão no final.
- Clímax
O clímax é o ponto alto de qualquer livro. É o resultado dos elementos que você apresentou na exposição e na ação crescente, onde tudo passa a fazer sentido ou onde tudo é resolvido. O clímax é a parte mais instigante e acelerada da história, e, teoricamente, isso significa que é também onde o leitor prestará mais atenção/ficará mais grudado ao livro. Sabe a parte bam! do livro? Ela deve acontecer aqui.
- Ação decrescente
Aqui é onde você amarra os últimos nós da história. A parte tecnicamente mais importante já passou; a ação decrescente serve para você fechar os últimos buracos e dar as últimas explicações antes do fim do livro.
- Resolução
O fim da história, onde tudo volta ao “normal” (ou quão normal pode ser possível agora) e, se for uma série, onde o conflito para o próximo livro é apresentado com mais clareza (claro que esse conflito já pode ter sido mencionado antes, mas aqui ele é mostrado como um objetivo mais imediato, obviamente). Basicamente o “e todos viveram felizes para sempre (ou não)” do seu livro.
MÉTODO DOS OITO PONTOS
O método dos oito pontos é uma evolução do método dos cinco pontos, por assim dizer. É mais detalhado e por isso mais organizado, mas a essência é basicamente a mesma:
- Estase
Como a exposição no método dos cinco pontos, a estase é onde você apresenta seus personagens principais e a vida que eles levam antes que a história comece de verdade. Usando O Senhor dos Anéis como exemplo (oops), é a vida que Frodo costumava levar no Condado antes de toda a confusão do Anel, mostrada na história através da festa de aniversário de Bilbo.
- Incidente instigante
É o problema ou desafio que seu personagem tem que enfrentar. Em O Senhor dos Anéis é a ameaça dos Nove do Anel, aqueles cavaleiros medonhos que ficam zanzando pelo Condado no início do livro/filme.
- A missão
É o que seu personagem decide fazer (ou é forçado a fazer) depois do incidente instigante, o que faz a história começar a se mover. Em O Senhor dos Anéis isso acontece quando Frodo decide/é convencido a deixar o Condado e fugir para Valfenda, onde o Anel (e ele) estará mais seguro.
- Surpresa
É o que acontece quando seu personagem tenta consertar os problemas que apareceram graças ao incidente instigante e graças à missão. Acontece mais ou menos na metade da história e é onde você meio que joga mais alguns problemas nas caras dos seus personagens ou faz com que eles aceitem mais problemas, tanto faz. Em O Senhor dos Anéis, isso acontece quando Frodo decide levar o Anel até Mordor para acabar de vez com a ameaça de Sauron.
- Escolha crítica
É quando seu personagem toma uma decisão que basicamente ou muda o rumo da história inteira ou pelo menos o da história dele, além de mostrar de vez para seus leitores quem seu personagem é de verdade. Pense em Frodo negando o Anel a Boromir em O Senhor dos Anéis ou mesmo em Boromir tentando convencer Frodo a lhe dar o Anel. Essas escolhas - negar dar o Anel, tentar pegar o Anel - mostraram que tipo de pessoa ambos são, e também mudaram o curso da história por completo.
- Clímax
O resultado da escolha crítica e por isso o ponto mais alto da história. Em O Senhor dos Anéis, isso acontece quando Boromir tentar tirar o Anel de Frodo a força e, como bônus, quando os orcs atacam a Sociedade.
- Reversão
A consequência tanto da escolha quanto do clímax que faz com que o protagonista mude de algum modo. Graças ao ataque de Boromir, Frodo percebe que tem que concluir sua missão sozinho, já que o Anel é um perigo mesmo para as pessoas que estão do seu lado. Se contarmos os personagens secundários, Aragorn, Legolas e Gimli desistem de ajudar Frodo e decidem salvar Merry e Pippin, e todos nós sabemos (ou quase todos, vai que né) o que acontece com Boromir graças a suas ações na escolha crítica e no clímax. Em um livro único, a reversão serviria apenas para mostrar o quanto o protagonista mudou, mas em uma série ela praticamente faz com que ele mude de objetivo (além de mudar de verdade, claro).
- Resolução
O fim da história. Em um livro único, é quando as coisas voltam ao “normal”, e em uma série é quando as novas decisões tomadas na reversão começam a ser colocadas em prática (Frodo fugindo, Aragorn, Legolas e Gimli partindo em busca de Merry e Pippin, etc).
A ESTRUTURA DE TRÊS ATOS
A estrutura de três atos é geralmente usada em roteiros, mas também serve para livros (geralmente). Gosto de pensar nesse método como um resumo dos métodos dos cinco e oito pontos:
- Ato I - Set Up
É o estase, o acontecimento instigante e a missão, ou seja, basicamente o autor apresentando o personagem e o conflito principal.
- Ato II - Confrontação
É a surpresa e a escolha crítica. Aqui o personagem enfrenta mais problemas e faz a decisão que o levará ao clímax da história.
- Ato III - Resolução
O clímax, a reversão e a resolução. É o ato final, e portanto o ápice e a conclusão da história.
Bem, é isso. Esses são os três tipos de estrutura mais usados em histórias e os que você provavelmente já reproduziu inconscientemente em seus livros. Tente alinhar qualquer ideia sua que tenha um plot com qualquer um desses métodos ou teste filmes e livros. Te garanto que boa parte vai se encaixar certinho nessas estruturas. Aqui no ocidente esse tipo de história (apresentação - conflito - resolução) é a maioria esmagadora, e praticamente o que todos nós fazemos em qualquer meio de contar histórias. Lá no oriente há algumas que se diferem, mas aí é campo desconhecido pra mim.
Conhecer a estrutura do plot pode te ajudar muito na hora de estabelecer o ritmo e o rumo da sua história. Com o caminho iluminado, por assim dizer, fica mais fácil encaixar os acontecimentos e até mesmo planejar seu livro com mais eficiência. Espero que tenham gostado e qualquer coisa é só deixar um comentário.
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