O Senhor dos Anéis: Volume Único
J.R.R. Tolkien
Martins Fontes
★★★★★
J.R.R. Tolkien
Martins Fontes
★★★★★
Numa cidadezinha indolente do Condado, um jovem hobbit é encarregado de uma imensa tarefa. Deve empreender uma perigosa viagem através da Terra-média até as Fendas da Perdição, e lá destruir o Anel do Poder - a única coisa que impede o domínio maléfico do Senhor do Escuro. ------ "A Sociedade do Anel" é a primeira parte da grande obra de ficção fantástica de J. R. R. Tolkien, "O Senhor dos Anéis". É impossível transmitir ao novo leitor todas as qualidades e o alcance do livro. Alternadamente cômica, singela, épica, monstruosa e diabólica, a narrativa desenvolve-se em meio a inúmeras mudanças de cenários e de personagens, num mundo imaginário absolutamente convincente em seu detalhes. Nas palavras do romancista Richard Hughes, "quanto à 'amplitude' imaginativa, a obra praticamente não tem paralelos e é quase igualmente notável na sua vividez e na habilidade narrativa, que mantêm o leitor preso página após página". Tolkien criou em "O Senhor dos Anéis" uma nova mitologia, num mundo inventado que demonstrou possuir um poder de atração atemporal.
Eu já perdi a conta de quantas pessoas já me pediram para fazer uma resenha de LOTR nos últimos quatro anos (sério, foram muitas), mas eu sempre as respondi dizendo que as chances de isso acontecer eram mínimas e o porquê é bem simples: eu adoro O Senhor dos Anéis. Tipo, muito. Para vocês terem uma ideia, minhas amigas brincam que eu não conseguiria ficar com alguém que não goste desse livro e elas estão, feliz ou infelizmente, provavelmente certas. Não por questão de mimimi você não gosta de LOTR, então você está errado e eu estou certa!!!, já que, graças a todos os deuses conhecidos, nunca passei por essa fase, mas sim porque eu não acho possível que uma pessoa que não viu nada de bom em O Senhor dos Anéis veja algo de bom em mim. Sim, esse é meu nível de paranoia com esse diabo de livro. Então, se ainda não deu pra perceber...
//////////!!!!!FANGIRL ALERT!!!!!\\\\\\\\\\\\\\
Eu vou ser piegas, gente. Vai ser vergonhoso.
Essa é sua última chance de escapar; depois não digam que eu não avisei.
Enfim, eu li LOTR quando era bem mais nova do que a maioria das pessoas que já leram esse livro eram na primeira vez que o leram. Faltava mais ou menos um mês para o meu aniversário de onze anos e eu estava aqui em Salvador de férias (na época eu morava em uma cidade do interior) quando meu pai resolveu arrastar todo mundo para a casa de um amigo dele. A coisa toda foi muito chata; enquanto os adultos bebiam e se divertiam, eu e meu irmão ficamos encarando um ao outro e então encarando a piscina (obviamente que ninguém tinha avisado que tinha piscina, logo a gente não tinha vindo preparado pra isso) e então encarando um ao outro novamente. Ficamos assim por um bom tempo até alguém lembrar que o amigo de meu pai tinha dois filhos que poderiam emprestar uma roupa para meu irmão depois. Ele, sendo o bom irmão que sempre foi (haha), me abandonou sem pensar duas vezes e se jogou na piscina na maior alegria. E eu fiquei lá, sozinha, sentindo muita pena de mim mesma, ressentindo o babaca do meu irmão e torrando no sol. Horas depois (sim, horas) alguém finalmente se apiedou e, sabendo por meio do meu pai que eu gostava de ler, perguntou se eu não queria dar uma olhada nos livros dos filhos do amigo do meu pai. Como eu meio que não tinha mais o que fazer, fui.
No meio de um monte de livros clássicos que na época não me atraíam nem um pouco (bem, ainda não o fazem, mas), acabei encontrando os quatro volumes de As Brumas de Avalon e os três de O Senhor dos Anéis. A mulher do amigo de meu pai me disse que eu poderia pegar uma coleção emprestada, já que passaria as férias todas em Salvador, e depois de pensar por um ou dois instantes acabei escolhendo O Senhor dos Anéis. Eu já tinha assistido aos filmes uma vez, mas para falar a verdade as únicas coisas que eu lembrava deles eram montanhas brancas e um bicho de fogo que mais tarde descobri ser o balrog (bem, eu tinha uns seis anos quando o primeiro filme foi lançado, so...), então peguei LOTR mais pela fama dele do que por qualquer outra coisa. Também já tinha ouvido falar de As Brumas de Avalon, mas acho que desde aquela época eu já tinha uma certa aversão a história e fantasia misturadas. Mesmo assim, às vezes eu me pego pensando no que teria acontecido se eu tivesse escolhido Brumas ao invés de LOTR; meu gênero preferido talvez fosse fantasia histórica e não alta-fantasia hoje em dia. Quem sabe?
Enfim, levei os três livros pra casa e os li em menos de duas semanas, o que foi um feito fantástico para o eu de 10 anos. O único livro "grosso" que eu tinha lido antes de LOTR foi o sexto de HP, O Enigma do Príncipe, e nesse eu levei um ano, duas desistências, longos períodos sem ler e releituras de vários trechos (em minha defesa, eu tinha nove/dez anos), então ler LOTR tão rápido foi tipo um milagre. E eu adorei os livros. Mais do que eu tinha adorado os quatro filmes de HP + o sexto livro (sim, eu li o sexto livro sem ler ou assistir o quinto filme), e até então eu achava isso meio impossível. Mas por que eu adorei tanto esses livros?
Responder essa pergunta é um tanto complicada. Veja bem, quais são as maiores críticas aos livros de O Senhor dos Anéis? Dizem que a narrativa é lenta, muito descritiva, que o mundo é maniqueísta demais e que os personagens secundários não recebem tanta atenção assim, certo? Certo. Mas essas críticas, esses "defeitos" não me afetam. Por quê?
Primeiro, O Senhor dos Anéis foi a primeira série de fantasia que eu li. Sim, eu li um livro de Harry Potter antes, mas de fantasia mesmo, sobre mundo secundários, elfos e a coisa toda, LOTR foi sim o primeiro. E foi justamente por isso que a narrativa lenta e muito descritiva não me incomodou nem um pouco. Como eu nunca tinha lido nada do gênero antes, pensei que aquilo fosse normal, fosse a regra, dei de ombros e segui lendo. E adorei as descrições, adorei a narrativa, adorei a história. Foi só depois, quando fui ler outros livros de fantasia, que percebi que a escrita de Tolkien não era (infelizmente pra mim) a regra. Ler O Senhor dos Anéis antes desses outros livros meio que tirou um pouco da qualidade do gênero para mim, já que até hoje eu não consigo me impedir de comparar a escrita deles à de Tolkien e de me sentir um pouco decepcionada. É meio estranho, mas, inconscientemente, me convenci de que essa narrativa lenta e descritiva era o normal e a considero como tal até hoje. O resultado disso é que 90% dos livros que leio acabam não alcançando essa normalidade. Ficam sempre "abaixo da média".
Em conclusão: eu provavelmente deveria ter lido LOTR agora, com 18 anos, e não com 10/11. Acredito que minha vida literária teria sido bem mais feliz, mas né...
¯_(ツ)_/¯
Então sim, eu sou fã de narrativas lentas e descritivas. Os únicos livros além de LOTR que "chegaram na média" pra mim foram As Crônicas de Gelo e Fogo, A Canção do Sangue e O Nome do Vento. O resto volta pra casa com nota baixa, infelizmente.
Segundo, eu não gosto de livros maniqueístas em 95% das vezes que leio um assim. E O Senhor dos Anéis, meu livro preferido de todos os tempos, é pra lá de maniqueísta. O bem e o mal são muito bem definidos em Arda, e poucos são os personagens que sequer tentam se aproximar de um equilíbrio entre esses dois pólos. É tudo muito preto no branco, quase o tempo todo. Então por que diabos eu gosto dessa história?
Pode parecer um tanto estranho, mas acho que gosto tanto de O Senhor dos Anéis porque o próprio mundo parece ser o personagem principal da história. É como se os personagens dos livros fossem apenas manifestações desse personagem maior. Sabe aqueles desenhos animados em que os personagens ficam com um anjinho e um diabinho em cada ombro e ambos tentam convencer o personagem a fazer as coisas certas/erradas? É nessa linha de pensamento. Nunca me incomodei com o maniqueísmo de O Senhor dos Anéis porque para mim ele nunca foi apenas uma questão de mal x bem externa, mas sim uma espécie de "metáfora" para a disputa interna que cada um enfrenta diariamente. Podemos ver uma amostra dessa disputa em Boromir, uma pessoa boa que acaba tomando uma decisão errada, Gollum, uma criatura gananciosa e egoísta que ainda assim mostra alguns sinais de simpatia/bondade, e até mesmo em Frodo, que, como Boromir, é uma pessoa boa e determinada a fazer o bem, mas que acaba sendo também corrompida pelo Um Anel.
Vale comentar que Tolkien odiava alegorias. Ele diz isso já no prefácio de LOTR, e se não me engano foi esse o motivo de ele ter brigado com C.S. Lewis, autor de As Crônicas de Nárnia, seu amigo, já que Nárnia é basicamente uma alegoria ao cristianismo. Tolkien mesmo era cristão, e há alguns elementos que podem ser associados ao cristianismo em LOTR, mas diferentemente de Nárnia, esses elementos se resumem mais a valores e não são uma "recontagem" da história cristã.
(Não gente, eu não odeio Nárnia. Na verdade adoro os livros e filmes também).
Tolkien também lutou na Primeira Guerra Mundial e teve que ver um de seus filhos lutando na Segunda (O Senhor dos Anéis foi inclusive escrito durante ela), então, para mim, muito do que ele presenciou nesses períodos acabou personificado na figura do Um Anel. O Um Anel representa poder, mas um poder perverso, que corrompe e que causa o mal; até mesmo alguns dos personagens mais poderosos da história, como Galadriel e Gandalf, se recusam sequer a tocá-lo por medo de cederem a tentação. Uma boa parte da obra de Tolkien é justamente sobre ter poder, desejar poder e ser corrompido pelo poder, tanto aqui em LOTR quanto em O Silmarillion. E, para quem não sabe, Tolkien não era lá muito a favor da tecnologia, talvez justamente por ter presenciado a Primeira e a Segunda Guerra Mundial; para ele, a tecnologia que a humanidade estaria desenvolvendo, principalmente a tecnologia de armas, acabaria trazendo sofrimento para todos nós, mesmo se usada para o bem. Exatamente como o Um Anel (e as Silmarils, até certo ponto) que, como eu disse, é sim poderoso, mas que mesmo se usado pensando no bem acaba provocando o mal. Muitos até pensaram que o Um Anel seria uma alegoria à bomba atômica na época em que LOTR foi lançado, mas, como já dito, Tolkien meio que odiava alegorias e negou com veemência que O Senhor dos Anéis fosse a história das Grandes Guerras contada de outro modo. O Um Anel seria, portanto, apenas o mal. Ou melhor, a possibilidade de qualquer um se tornar mal se lhe for dada a oportunidade de ceder a uma tentação, seja ela qual for. E em LOTR essa tentação é justamente o poder. Ou, nas palavras do próprio homem, do já mencionado prefácio:
Mas eu cordialmente desgosto de alegorias em todas as suas manifestações, e sempre foi assim desde que me tornei adulto e perspicaz o suficiente para detectar sua presença. Gosto muito mais de histórias, verdadeiras ou inventadas, com sua aplicabilidade variada ao pensamento e à experiência dos leitores. Acho que muitos confundem “aplicabilidade” com “alegoria”; mas a primeira reside na liberdade do leitor, e a segunda na dominação proposital do autor. É claro que um autor não consegue evitar ser afetado por sua própria experiência, mas os modos pelos quais os germes da história usam o solo da experiência são extremamente complexos, e as tentativas de definição do processo são, na melhor das hipóteses, suposições feitas a partir de evidências inadequadas e ambíguas.
Ou seja, o Um Anel pode ser basicamente o que você quiser que ele seja. Tada.
Concluindo, o maniqueísmo de LOTR não me incomoda porque não o vejo presente apenas como personagens do bem que nascem do bem e morrem do bem ou personagens maléficos que nascem maléficos e morrem maléficos. Vejo-o mais como uma luta interna constante entre ceder ou não a algo ruim, e talvez uma amostra de que é possível sim "vencer" sem se voltar para tais meios maléficos e que tempos de horror, como as Grandes Guerras para Tolkien e qualquer outro momento para qualquer outra pessoa, sempre acabam passando. E esse é um pensamento pra lá de reconfortante, certo?
Terceiro, os personagens secundários que não recebem tanta atenção quanto os principais. Sim, isso é verdade, mas acho que o tópico anterior (personagens sendo manifestações de um personagem maior e coisa e tal) ameniza esse defeito para mim, assim como o fato de que muitos e muitos desses personagens de LOTR aparecem em O Hobbit, O Silmarillion e em Contos Inacabados, livros que na maior parte das vezes lhes dão maior profundidade. Não deixa de ser algo que poderia ter sido explorado mais, mas é uma falha pequena diante do resto da história para mim.
Agora que já "respondi" porque as "falhas" de O Senhor dos Anéis não são falhas para mim (talvez apenas a última), posso explicar melhor porque gosto tanto dessa história. Boa parte desse porquê já está nas entrelinhas do que escrevi aí em cima, mas vamos lá.
Um dos motivos de eu gostar de LOTR é Arda. Arda é, para mim, o mundo imaginário mais complexo e bem feito que eu já li (sinto muito, Martin, mas nem mesmo seu mundo chega perto de Arda para mim). Como eu disse lá em cima, Arda parece um personagem de verdade. Arda é um mundo que tem suas próprias características e não, não estou falando de lagos, rios, continentes, ou do modo como o clima funciona ou qualquer outra coisa física, mas sim de personalidade mesmo. Há uma sensação de perda enorme no mundo de O Senhor dos Anéis, presente nos elfos, que sabem que seu tempo na Terra-média acabou, nos anéis, grandes fontes de poder que acabam definhando, nas Silmarils, que se perderam para sempre, e em vários personagens, principalmente nos hobbits, que perdem a "inocência" que tinham antes da guerra e que passam a carregar suas marcas após seu término. Grandes reinos, dos elfos ou dos homens, já existiram, mas tiveram fins horríveis. Vários heróis encontraram morte trágicas, e os que não o fizeram não viveram de todo felizes. Coisas belas e maravilhosas, como as já citadas Silmarils, os anéis, as árvores que iluminavam o mundo no início, acabam morrendo ou desaparecendo para sempre. Arda é simplesmente melancólica, e nela tudo tem um fim.
Mas mesmo assim há alguns indícios de um novo começo, de superação dessa perda, tanto no Condado quanto em Ithilien e na era dos homens que se inicia nas últimas páginas de O Senhor dos Anéis. Arda é interessante por sua melancolia, mas também o é por essa esperança de algo novo ou de uma nova chance.
O único mundo que chega perto de ter tanta personalidade quanto Arda, para mim, é o de As Crônicas de Gelo e Fogo. Gosto mais de O Nome do Vento do que de ASOIAF, mas o mundo de Martin é sinceramente melhor. Outros mundos de outros livros de fantasia sequer me causam impressão o suficiente para que eu me lembre deles após terminar a leitura.
Gosto dos personagens (embora meus preferidos estejam mais em O Silmarillion e em O Hobbit do que em LOTR), gosto dos lugares, do plot e do que ele representa, gosto da história de Arda e adoro a escrita. Mas O Senhor dos Anéis é meu livro preferido justamente por ser tão sombrio e tão difícil, muitas vezes simplesmente triste, e mesmo assim ser divertido e alegre. A aventura de Frodo e da Sociedade e os próprios acontecimentos de Arda sempre vão me deixar mais amarga do que qualquer cena de violência, estupro ou egoísmo presente nas fantasias de hoje em dia. Ao contrário do que esses livros atuais parecem pensar, eu já sei que o mundo no geral é um lugar ruim, com violência, estupro e egoísmo, então são os personagens e como eles reagem e lidam com esse mundo o que realmente importa para mim. O melhor jeito de conquistar o leitor, na minha opinião, não é lhe mostrar o que ele já sabe e esperar que isso o choque, mas sim mostrar como pessoas, importantes ou não, boas ou não, ainda assim sobrevivem e vivem em um mundo assim. Então sim, não há cenas terríveis de violência em LOTR, muito menos de estupro e há poucas de egoísmo, mas Frodo e Sam se arrastando até a montanha para destruir o Um Anel, completamente ferrados, feridos, sem comer, sem beber e sem dormir, totalmente desesperados e no final de suas forças sempre vai me chocar mais do que qualquer cena banal de violência por aí, porque, adivinha!, eu leio o jornal e já vi coisas feias demais em manchetes para ser abalada por uma cena de tortura aleatória. Essa é a realidade normal de qualquer pessoa normal que preste o mínimo de atenção no nosso mundo normal. Tada.
Além disso, como eu já disse, Arda é um mundo excepcional, e isso torna fácil mergulhar completamente na história. O Senhor dos Anéis é o tipo de história que realmente te transporta para outro lugar por completo. O efeito, pelo menos em mim, é tão grande que sempre que me interrompem quando o estou lendo eu sinto como se estivessem me puxando para fora d'água. Enquanto o leio, fico "submersa" e o resto do mundo desbota e parece distante, exatamente como quando estamos dentro de uma piscina ou dentro do mar. Poucos livros me dão essa impressão além de LOTR; na verdade, só consigo pensar em ASOIAF, O Nome do Vento, Aprendiz de Assassino e Captive Prince.
Mas, acima de tudo, O Senhor dos Anéis tem significado. Esse é um assunto meio polêmico porque cada livro tem um significado diferente para cada pessoa, mas O Senhor dos Anéis, pra mim, é mais do que plots intricados, personagens bem construídos e um mundo bem feito, e é por isso que eu nunca fui muito fã da ideia de fazer essa resenha. Eu adoro O Senhor dos Anéis porque dou valor às mesmas coisas que a história dá e acredito no que ela diz (ou no que eu acredito que ela diz, ao menos), e falar disso acaba sendo, você sabe, too close for comfort e coisa e tal. A situação só piora porque foi LOTR quem me fez começar a escrever de verdade, e apesar do meu livro hoje ser (eu espero) bem diferente de LOTR, pretendo escrevê-lo seguindo a fantasia tradicional de Tolkien e não essa moderna, que eu espero sinceramente que morra em breve.
Ironicamente, muito da minha relação com O Senhor dos Anéis pode ser explicado em uma própria cena do filme de O Senhor dos Anéis, mais especificamente em As Duas Torres, pra mim uma das melhores já feitas em adaptações de livros. É essa aqui, com um tico de spoiler, e que eu até pensei em transcrever, mas olha minha cara de quem vai escrever mais depois dessa Bíblia inteira. Nem rola.
Em conclusão: O Senhor dos Anéis sempre será meu livro preferido por todos esses motivos aí e um dia eu ainda queimarei certos livros dessa nova fantasia Grimdark em uma fogueira enquanto canto a canção que Bilbo fez para Aragorn. Apenas observem.
E que tal falar sobre as mulheres, hm? Ia me esquecendo disso. Sim, LOTR tem poucas mulheres (Galadriel e Éowyn basicamente, nos livros, e Arwen também nos filmes), mas elas são incríveis. Quem se lembra de Celeborn se Galadriel é a mulher dele? Quem luta contra o sistema, contra a ideia de que mulher só serve para ficar em casa, se não Éowyn? Isso sem falar nas mulheres de The Silmarillion, que continuam poucas se comparadas aos homens, mas que são igualmente incríveis e bem construídas. LOTR tem uma sociedade medieval onde mulheres não são muita coisa, como centenas de livros por aí, e ainda assim consegue mostrar que esse sistema está errado e que mulheres incríveis são capazes de existir nele. LOTR foi escrito há mais de 60 anos. Livros de hoje, século XXI, não conseguem e/ou não querem fazer o que um livro escrito por um cara que nasceu no final do século retrasado fez. Ha.
LOTR não tem nenhuma diversidade sexual (dá pra entender um pouco porque foi lançado há 60 anos, mas ainda assim, né, não deixa de ser um defeito na minha opinião) e a diversidade de etnia/raça existe, mas essas pessoas de cor sempre são vistas como o inimigo. Não faço a menor ideia se Tolkien era racista ou não, mas mesmo se ele não fosse não é muito legal associar toda pessoa de cor de sua história ao inimigo terrível que destruir o mundo.
Apesar disso, no entanto, não consigo dar nada menos do que a nota máxima para O Senhor dos Anéis. Há defeitos nesse livro e nunca irei negá-los, mas essa história significou (e significa) muito para mim como pessoa e como escritora, então, né. 5.0 estrelas.
5 comentários
Excelente a sua resenha, Lynx, e exprime exatamente tudo o que sinto sobre essa história e sobre a fantasia em geral (também partilho desse "desgosto" com a fantasia grimdark). O Hobbit e SDA foram também meus primeiros livros de alta fantasia, li os dois com 14 anos antes mesmo de os filmes serem lançados, e foi um verdadeiro marco na minha vida. Também acabo levando a narrativa de Tolkien como "padrão", hehehe, e nunca liguei para o ritmo mais vagaroso e descritivo do livro, muito pelo contrário.
ResponderExcluirSim, a história tem seus defeitos e a gente reconhece, mas Arda é um mundo incrível e há tanta coisa a se gostar que também não conseguiria não dar uma nota máxima para OSDA.
Eu gosto bem mais de livros com um ritmo mais vagaroso, na maior parte do tempo. Acho que os que vão muito rápido acabam deixando o mundo, a história e os personagens bem superficiais, aí não consigo me envolver com nada no livro e acabo gostando bem menos do que poderia gostar caso o ritmo fosse outro.
ExcluirE sim, por mais que O Senhor dos Anéis tenha defeitos, o resto meio que compensa. Não dá pra negar que tais defeitos existam, mas ainda não vi nenhum outro mundo chegar a ter uma complexidade (e até mesmo personalidade) como a de Arda.
E obrigada!
Lynx, acabei de descobrir que temos algumas coisa em comum (: Quando tinha 8 anos comecei a ler o quinto livro do Harry Potter (sem ler nem assistir nenhum livro/filme anterior haha), me arrastei por quase um ano e meio, mas finalmente consegui concluir. E aí conheci O Senhor dos Anéis... que estava perdido em uma estante aqui em casa. Enfim, parabéns pela resenha. Você conseguiu exprimir exatamente o que essa obra MARAVILHOSA significa pra mim.
ResponderExcluirQue bom que gostou! O Senhor dos Anéis também significa muito para mim, então é ótimo poder encontrar pessoas que se sintam do mesmo jeito. Obrigada!
ExcluirExcelente resenha. Só me aventurei no maravilhoso mundo de Arda ano passado,até então nem os filmes eu tinha visto.Senhor dos Anéis realmente me prendeu, todo o mundo,os personagens e essa melancolia presentes me fascinaram.No mesmo ano eu também li ''O Hobbit''e ''O Silmarilion'',e agora em 2015, li ''Os filhos de Hurin'' e 'Contos Inacabados''. Nenhum outro mundo de fantasia superará Arda. Conheci seu site pela resenha do livro do Elric,um personagem do qual eu gostei muito. Eu não tenho problema com essa fantasia mais sombria como você,mas ainda assim LoTR será sempre o ápice da fantasia
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