Elric de Melniboné: A Traição ao Imperador | The Sailor on the Seas of Fate | The Weird of the White Wolf | The Vanishing Tower | The Bane of the Black Sword | Stormbringer | Elric at the End of Time | The Fortress of the Pearl | The Revenge of the Rose | +
Michael Moorcock
Generale
★
Michael Moorcock
Generale
★
A história de 'Elric de Melniboné', o imperador albino e feiticeiro, é uma das grandes criações de fantasia moderna. Um fraco e introspectivo escravo de sua espada, Stormbringer, ele é também um herói cujas aventuras e andanças sangrentas levam-no, inevitavelmente, a intervir na guerra entre as forças da lei e do caos. Um clássico do gênero espada e feitiçaria, Elric de Melniboné é um ícone excepcional da fantasia de violência, poder, política e guerra. Neste livro, Elric enfrentará a ameaça ao império de Melniboné e transitará entre o uso da magia e seus princípios morais, que o impedem de tomar algumas decisões. Além disso, sua amada Cymoril encontra-se em perigo, e ele não medirá esforços para salvá-la. Pela primeira vez, a editora Generale traz para os leitores brasileiros a tradução dos textos originais da Saga de Elric de Melniboné, sendo este o primeiro livro.
Esse livro só não é a encarnação do tédio em forma de história porque é curto demais.
Ele simplesmente... Não faz sentido.
Nada em Elric de Melniboné faz sentido.
Sabe, acho que clássicos da fantasia simplesmente não são pra mim. Sim, eu sei que O Senhor dos Anéis é um clássico (e Nárnia também), e acho que a essa altura do campeonato todo mundo aqui já sabe que eu adoro O Senhor dos Anéis e coisa e tal, mas acho que o resto dos clássicos não funciona comigo. Mago, A Espada de Shannara e agora Elric de Melniboné... Nenhum deles me convenceu. Na minha opinião são mal escritos, com péssimos personagens, sem nenhum senso de ritmo ou worldbuilding. Mas a fantasia de hoje em dia é dominada pelo grimdark, subgênero que eu também odeio, então o que fazer?
Mas né, voltemos para Elric de Melniboné e para o motivo pelo qual escolhi dar uma nota baixa pra ele.
Bem, as ideias do livro são boas. Temos um país, Melniboné, lar de um tipo de criatura (humanos??) que governou o mundo durante dez milênios, mas que nos últimos quatro ou cinco séculos perdeu a força. Melniboneanos são diferentes; eles não se importam em ser do bem ou do mal, e praticamente são a favor de fazer tudo para se conquistar a satisfação deles próprios. Eles não sabem o que é compaixão ou misericórdia ou qualquer outra coisa do tipo, e é por isso que Elric, o atual Imperador de Melniboné, é visto como estranho e até mesmo fraco. Elric costuma "negar" as tradições melniboneanas e pensa em ter "consciência" e "morais". Acho que o plano era fazer o leitor simpatizar com esse cara que, diferente de todos de seu povo, consegue ter o mínimo de hm, bondade, para ser considerado humano.
Mas não funcionou. Sabe por quê?
Porque Elric é um hipócrita. E burro. Um hipócrita burro.
Melniboné tem escravos. Elric está sempre perdoando Deus e o mundo (mas principalmente seu primo que quer 1) roubar seu trono, 2) roubar a guria que ele gosta e 3) matá-lo) e falando sobre ter "morais" e "consciência", mas em NENHUM momento do livro este nosso projeto de humano e de pessoa supostamente boa gasta uma vírgula de energia para considerar o fato de que o país onde ele é rei/imperador tem escravos e que, hey, talvez isso não seja algo correto. Os escravos servem a ele, mas não, ele vai ficar todo mimimi morais mimimi pra cima de outros melniboneanos ou com humanos de outros reinos. Ter morais e consciência para se tocar que ter escravos não é algo certo??? Pra quê???
É por isso que ele é um hipócrita. As morais e a consciência dele só servem para quem ele considera como igual. O resto que se dane, ué.
Ele também é burro. Muito burro. Sabe, Elric nasceu doente. Ele não tem muita energia e sempre tem que tomar umas poções aí para recuperar a força, e tem que tomá-las todo dia. O que você faria se tivesse que tomar um remédio todo dia para continuar vivendo? Carregaria-o por aí o tempo todo, certo?
Elric não faz isso. Ele vai pra batalhas o tempo todo sem ter tomado a poção e sem tê-la por perto. Isso é burrice, gente. Ou melhor, isso acontece porque o plot said so. E não faz sentido.
Como eu disse lá em cima, nada nesse livro faz sentido.
Nenhum personagem convence. Mas nenhum mesmo. São todos tipo NPCs de jogos online; só estão ali para dizer a coisa certa no momento certo para que o protagonista possa seguir para a próxima missão e fim. Nenhum tem personalidade e voz própria. E a Cymoril, a amada do nosso querido personagem principal, bem, ela é a clássica princesa sequestrada que precisa ser salva. No início eu até tive esperanças de que ela seria uma boa personagem e cheguei a concordar com ela várias vezes no momentos em que ela tentava colocar um pouco de senso no cabeça dura do Elric, mas no final ela só serviu mesmo para esperar o príncipe não tão encantado quietinha no covil do maligno primo do mal.
Mas, sabe, até que a sociedade de Melniboné não foi tão sexista quanto poderia ter sido. Não tem nenhuma mulher na história além da Cymoril e a própria Cymoril é ruim e coisa e tal, mas poderia ter sido bem pior, levando em conta como alguns livros de hoje em dia escolhem construir suas sociedades. Continua sendo muito ruim de qualquer jeito.
E a escrita... Uma tragédia. O ápice do tell e a completa morte do show. O autor conta tudo para o leitor. Tudo. Temos infodumps a cada quatro frases e a biografia praticamente toda de cada personagem no momento em que ele aparece. As descrições são sofríveis, as cenas são corridas e o livro todo se passa num tapa sem causar emoção alguma além de enfado.
A parte triste é que Elric de Melniboné poderia ter sido uma ótima história. Algumas ideias me chamaram a atenção: os dragões adormecidos, os Senhores do Caos, os Elementais, as espadas com consciência própria e como os personagens teriam que lidar com elas, etc. Elementos que seriam incríveis em uma história bem escrita e com bons personagens, mas que aqui são tipo agulhas perdidas no palheiro.
Conclusão: esse livro não tem qualidade nenhuma. Zero. Neca. None.
Mas é curto e a edição da Generale é muito linda (encontrei uns dois erros na revisão, porém). Então é um livro ruim, mas pelo menos acaba cedo. 1.0 estrela.
0 comentários