Alina Starkov nunca esperou muito da vida. Órfã de guerra, ela tem uma única certeza: o apoio de seu melhor amigo, Maly, e sua inconveniente paixão por ele. Cartógrafa de seu regimento militar, em uma das expedições que precisa fazer à Dobra das Sombras – uma faixa anômala de escuridão repleta dos temíveis predadores volcras –, Alina vê Maly ser atacado pelos monstros e ficar brutalmente ferido. Seu instinto a leva a protegê-lo, quando inesperadamente ela vê revelado um poder latente que nunca suspeitou ter.
A partir disso, é arrancada de seu mundo conhecido e levada da corte real para ser treinada como um dos Grishas, a elite mágica liderada pelo misterioso Darkling. Com o extraordinário poder de Alina em seu arsenal, ele acredita que poderá finalmente destruir a Dobra das Sombras.
Agora, ela terá de dominar e aprimorar seu dom especial e de algum modo adaptar-se à sua nova vida sem Maly. Mas nesse extravagante mundo nada é o que parece. As sombrias ameaças ao reino crescem cada vez mais, assim como a atração de Alina pelo Darkling, e ela acabará descobrindo um segredo que poderá dividir seu coração – e seu mundo – em dois. E isso pode determinar sua ruína ou seu triunfo.
Eu me aproximei desse livro sabendo de duas coisas graças às resenhas que li antes de iniciá-lo: a) o worldbuilding é feito tendo a Rússia como inspiração e b) esse worldbuilding falha miseravelmente. Não vou falar muito disso aqui, mas só para terem uma ideia: Grisha é o diminutivo de Grigori, um nome russo. Ou seja, americanizando a coisa toda, a trilogia na verdade se chama Trilogia Greg, o que quer dizer que as pessoas super poderosas do livro são as Gregs. Sim, ridículo, eu sei.
Also: kvas, a bebida que todos usam pra ficar bêbados em Sombra e Ossos, na verdade só tem 1% de álcool e os russos até mesmo as dão de beber para seus filhos pequenos. Traduzindo: #worldbuildingfail
Nessa resenha (em ing) uma garota russa fala sobre os fails de Sombra e Ossos com mais profundidade. Apesar de Ravka, o país onde a história se passa, obviamente não ser a Rússia, >>eu<< acho no mínimo uma falta de respeito usar a cultura de outro povo de forma tão descuidada. Mas né, passemos para a resenha de fato.
Meu maior problema com Sombra e Ossos foi o fato de que nada nele é original ou novo. Alina, a protagonista, tem um poder especial que pode salvar o país dela e por isso passa a tomar aulas para aprender a controlá-lo junto a outras pessoas com poderes especiais (os Gregs q). Bem, eu nem preciso dizer que isso é pra lá de cliché, né? Já vi esse plot usado tantas vezes que só um plot twist incrível para fazer com que eu goste dele de novo. Isso ou personagens bem construídos, coisa que, aliás, Sombra e Ossos não tem.
O pior é que o livro começou bem. O prólogo, narrado em terceira pessoa, é muito bom mesmo, mas no momento em que o capítulo um se inicia - com a Alina narrando a história em primeira pessoa - as coisas começam a desandar. A atmosfera de mistério criada no prólogo vira fumaça e o resto da história é basicamente a Alina sendo muitíssimo sem graça. Perdi a conta de quantas vezes revirei os olhos com ela toda hora dizendo/pensando que não, ela não poderia ser especial porque todas as outras Gregs são lindas de morrer e ela não é. Que tragédia!
Detalhe: ela começa a se sentir melhor/se desenvolver como personagem depois que passa a ficar bonita. Eu odeio essa trope. Ew.
Also, Alina vive pensando sobre como as gurias Gregs que a fazem companhia são falsas e o diabo a quatro, mas obviamente não percebe que ela é tão falsa quanto as gurias. I mean, Alina as despreza porque elas falam coisas de outra guria Greg por trás dela e no entanto Alina continua amiguinha delas enquanto pensa mal delas. Então...??????
Eu me senti em um livro no maior estilo high school lendo Sombra e Ossos, para falar a verdade. Quero dizer, teve até as Mean Girls da escola, então né... Tá.
O tédio que eu senti também não tem precedentes. O livro é chato. Apesar de ter coisas acontecendo com certa frequência, tudo é descrito de modo muito sem sal. A escrita é sim boa - não é cheia de tell e no geral é bem eficiente -, mas não deu pra sentir nada, sabe? Sombra e Ossos foi um livro que não me causou nada além de uma irritação básica, apesar de fazer sim algumas coisas que prestem (como por exemplo a caracterização do Darkling, que é maravilhosa se comparada a de outros livros YA que vejo por aí. É uma pena que a autora tenha escolhido não contar muito sobre ele aqui, mas tenho quase certeza de que ela o fará nos próximos, que eu, infelizmente, não lerei).
Enfim, Sombra e Ossos teria sido um livro muito melhor se Alina fosse uma protagonista decente. Mas muito melhor mesmo. Mas, como se não bastasse a protagonista pra lá de chata, o romance - que tomou um espaço muito maior do que deveria na minha opinião - conseguiu ser ainda mais mimizento. O par romântico era sim um cara decente (amém), mas nope, não rolou pra mim.
Anyway, 2.0 estrelas para Sombra e Ossos.
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