2 estrelas fantasia

Resenha: Lua de Sangue, Igor Dmirkutska

21:11neo

Senhores do Anoitecer: Lua de Sangue
Igor Dmirkutska
★★

Por entre as sombras turvas de nossa sociedade, escondem-se seres cujos nomes e formas insistimos em esquecer, alguns dos quais a nefasta existência negamos até nosso último suspiro de sanidade... Porém, isso não os torna menos reais.
Uma guerra tem sido travada entre essas criaturas noturnas desde muito antes do que se possa imaginar, no entanto, é na alvorada do terceiro milênio que o mais terrível desses embates ocorrerá e, sob a luz da Lua de Sangue, os senhores do anoitecer se enfrentarão... Talvez pela última vez.


Uma cópia foi disponibilizada pelo autor. Obrigada!

Esse livro é meio complicado para se resenhar. Foi uma leitura que me frustrou bastante; primeiro por causa dos probleminhas que citarei mais adiante, e segundo, porque a história é muito boa, mas tais probleminhas me impediram de aproveitá-la de verdade. 


Quem é meu amigo no Goodreads/Skoob (ou dá uma olhada no que estou lendo no tumblr, vai saber) pode ter percebido que eu demorei um tempo para terminar Lua de Sangue. É um livro meio longo (quase 570 páginas na versão que eu li), mas bem, estou acostumada a livros longos. Dos quase 20 dias que levei para terminá-lo só o li mesmo em três ou quatro. Sempre que eu estava lendo me deparava com algo que me irritava e puf, acaba deixando o livro de lado por uns dias. 

Mas vamos falar da parte boa primeiro.

Antes de mais nada, eu gostei bastante da escrita do autor. É o tipo de escrita que faz com que você nem note que está lendo e a leitura flui que é uma maravilha. Eu começava a ler e depois do que parecia ser apenas alguns minutos me tocava que tinha lido 60, 70 páginas sem nem notar a passagem do tempo. A mitologia também é bastante interessante, e eu gostei particularmente de como a licantropia e o vampirismo foram explicados de forma científica, mas meu aspecto favorito mesmo foi a forma com que cada raça (vampiros e lobisomens, se não ficou claro até agora) foi organizada. Achei bem feito e original, e história de ambas foi bem interessante (principalmente a dos vampiros).

O livro conta com vários personagens para narrar a história; alguns estão lá desde o início e outros são introduzidos depois ou raramente ganham um capítulo para si. Não achei que nenhum personagem tenha desenvolvido voz real (lá perto do final até li um capítulo inteiro pensando que era o Steve narrando, mas era o Worlam. E só percebi o erro porque um capítulo do Steve começava logo após, então obviamente o capítulo que eu tinha acabado de ler não poderia ter sido dele. Enfim) e nenhuma personalidade ficou definida de verdade. E como eu disse, são vários os personagens. Passei boa parte do livro tentando me lembrar de quem era quem.

As partes mais científicas ou as explicações sobre as duas raças, apesar de sim interessantes, foram meio infodump. Algumas conversas (principalmente as entre Steve e Matthew) só estavam ali para passar essas informações para o leitor e enquanto isso não é, nem de longe, errado (claro, né), a coisa toda ficou muito óbvia. E como  as informações eram muitos e vinham todas de vez ficou meio impossível lembrar de tudo durante a história. Eu já tinha esquecido a diferença entre lobisomem puro, meio lobisomem, etc, etc, etc, um capítulo após os personagens terem conversado sobre isso.

Se os problemas fossem apenas esses, porém, Lua de Sangue receberia facilmente umas três ou três estrelas e meia e sentaria toda confortável como um dos melhores livros brasileiros de fantasia que já li (o melhor recebeu quatro estrelas, então né). Como eu disse lá em cima, a história é muito interessante, e é também bem planejada e desenvolvida.  Não sou muito fã de lobisomens x vampiros e blá blá blá, mas aqui essa rivalidade me agradou bastante.

Por que acabei não gostando desse livro então?

Simples: eu odiei os personagens. 

E não digo isso apenas como ah, esses personagens são chatos, mas sim como ah, esses personagens são desprezíveis!

Antes de tudo, vale falar que as personagens femininas desse livro são uma piada. Aliás, Lua de Sangue é total clube do bolinha. Só tem homem. E olha que nem falo isso apenas sobre os papéis principais. Nope. Como os lobisomens são em sua maioria homens (e as mulheres lobisomem só servem mesmo pra procriar, aparentemente, com frequência morrendo no parto) e a maior parte dos capítulos se passa do ponto de vista de lobisomens, todo mundo, em 99% do tempo, é homem. Nem mesmo os personagens terciários, quaternários, o que seja, são mulheres. Só tinha mulher mesmo nos capítulos dos vampiros, e lá elas (vampiras, óbvio) eram apenas concubinas que na maioria das vezes só serviam como enfeite e acabavam morrendo de forma horrenda nas mãos de algum vampiro por literalmente razão nenhuma além de mostrar o quão perturbado/terrível o tal do vampiro era. 

A única personagem feminina de importância foi a Lina, a namorada do Steve, que, tecnicamente, é tipo, terrivelmente importante mesmo. Mas ela passa a história sendo inútil, não tomando nenhuma decisão nunca, obedecendo a literalmente todo mundo sem pestanejar e servindo apenas para os lobisomens a levarem de um canto pra outro (sabe o 1% que sobrou ali em cima? Então, é a Lina). O romance entre Lina e Steve quase fez com que eu furasse meus próprios olhos, principalmente quando o Steve começava a devagar sobre como a Lina era pura e inocente, e blá blá blá, porque sinceramente, essa deve ser a dinâmica mais medieval da face da terra. 

Mas voltando aos personagens: eles são tipo aqueles caras babacas de Facebook (pessoas do Facebook, nada contra, mas vamos pelos estereótipos). Sabe os marmanjos que vão zoar outros caras se eles apresentarem características femininas? Que vão chiar e ficar todos indignados se alguém sugerir, mesmo de leve, que eles são gays? Que são hurr durr eu sou machão hurr durr?

Então, assim são os personagens de Lua de Sangue. Na minha opinião, é claro.

Depois de ter que ler dois vampiros trocando alfinetadas, um deles tentando zombar do outro porque ele gostava de poesia e de anéis (??? por que obviamente essas são coisas que apenas gays e mulheres gostam????? hã????) (e obviamente um homem deve sentir vergonha por hm, ser gay ou hm, gostar de coisas femininas???), mais um vampiro chamado Edward dizendo que estava pensando em mudar de nome porque um tal de Edward de um livro de romance com vampiros famoso era conhecido por ~engolir espadas~ (sim, é isso que você está pensando mesmo. Engolir espadas. E sim, o livro é Crepúsculo. Olha, eu não vou nem comentar. Prossigamos) e o Steve ficando meio alvoroçado porque alguém perguntou se ele tinha uma amada ou um amado, eu já estava pronta para jogar o livro na parede (o que não fiz porque li no meu tablet).  O livro é todo assim, quase gritando EU SOU MACHO!!!!!!!!!!!!!!! na minha cara a cada três páginas.

Ah, Neo, você pode estar pensando, mas homens são assim mesmo! Sim, eu sei. Eu tenho um Facebook lol Eu obviamente conheço homens que são assim. São a maioria, na verdade. Mas sabe o que eu sinto por esses homens? DESPREZO.

Então sim, é uma coisa normal. Realística. Mas o inferno vai congelar antes de eu sentir o mínimo de simpatia por um homem (fictício ou não) tão ridículo. Sinto muito. 

(Na verdade não sinto a mínima).

Como vocês (provavelmente) sabem, eu não me identifico como mulher, mas bem, eu fui criada como uma. E ser criada como mulher significa ouvir durante boa parte de sua vida sobre como características femininas são desprezíveis, inúteis e menos importantes. Já falei sobre isso aqui no blog, mas esse é um dos motivos de existirem tantos livros sobre ~meninas que não são como todas as outras~, já que na mente de boa parte da população ser uma menina normal = ser uma palerma fútil. Boa mesmo são as meninas que não gostam de coisa de mulherzinha, certo?

Então se você é uma mulher/foi criada como uma mulher e tiver sorte de perceber que ei, características femininas não são ruins e que ei, isso é misoginia, você passa a não tolerar pessoas que falam merda dessas tais características femininas com uma facilidade incrível. 

Tipo, não sei se deu pra se tocar, mas é meio que uma péssima ideia fazer de todos os personagens homens que odeiam características femininas???? I mean, para pra pensar. Pelo menos 50% do potencial público leitor de qualquer pessoa é de mulher/pessoas criadas como mulheres, que, obviamente, em sua maioria possuem características femininas. E aí estão quase todos os personagens da história, zombando de pessoas que possuem essas mesmas características... Simplesmente porque elas são geralmente associadas à mulheres... E ser associado à mulheres é obviamente uma tragédia que homens não conseguiriam superar nunca, pobres almas. Tsk.

¯\_(ツ)_/¯

Mas a gota d'água mesmo foi esse trecho:

Passei então um longo momento analisando os vários volumes que encontrei por ali. Alguns me pareciam bem interessante, enquanto outros soavam um tanto estranho ou com um apelo sexual muito grande.
–Por que você lê esse tipo de coisa? – perguntei, devolvendo a estante um último romance asqueroso, provavelmente escrito por uma mulher sem atrativo algum, solteira e solitária – Alguns desses livros chegam a ser repulsivos.
–Eu sou bastante eclético. – ele respondeu, ainda ocupado com seus livros de pesquisa – Quando se mora sozinho no meio do nada, você aprende a deixar seus preconceitos de lado. Além do que, gosto de saber o que os humanos, em sua ignorância, imaginam de nós.
Separei meus lábios um do outro para dar início a um comentário divertido, mas detive todas as minhas boas reações ao segurar entre os dedos um volumoso livro de capa negra com um par de mãos segurando uma maçã na capa.
–Você, realmente, se deu ao trabalho de ler isto? – disse, exibindo o livro com um sorriso decadente – Autores românticos de verdade não precisam recorrer a artifícios alegóricos para representar situações e sentimentos em suas obras, eles conseguem fazer isso com elementos reais, sem apelar para uma ridicularização da nossa imagem.
William ajeitou os monóculos, parecendo surpreso.
–Ah, isso. – ele constatou, aliviado – Steve, eu já li tantos romances adolescentes, ou não tão adolescentes, com apelações alegóricas tão mais grotescas que fariam você pensar essas estranhezas como detalhes triviais.
–Eu só digo uma coisa: Se vampiros simplesmente brilhassem ao sol e lobisomens fossem tão frescos, a raça humana já teria sido escravizada. – comentei, devolvendo o livro à prateleira – E ainda diz que se inspirou em Emily Brontë... Quanta blasfêmia.
Pra começar, é claro que o personagem principal (que narra essa cena) vai falar merda de escritoras de romance. Óbvio. Esse tipo de coisa faz parte do comportamento básico do homem babaca, então surpresa alguma aqui. Já perdi a conta de quantas vezes já não vi caras por aí enchendo a boca pra falar horrores de livros de romance e de quem os escreve, e como sigo várias autoras de romance no Twitter (não leio romance algum, mas escritoras de romance > escritores de sci-fi/fantasia em questão de diversão, sinto muito) já vi muitas delas tendo que lidar com artigos, posts e pessoas aleatórias em suas mentions falando merda do gênero. É comum pra elas, coisa do dia a dia, e justamente por ver isso com tanta frequência que hoje em dia basta alguém falar uma vírgula sobre romance (não opiniões/gosto, já que eu mesma não sou muito fã, mas falar mal mesmo) que eu me inflo no maior estilo baiacu. Porque tem tanta misoginia misturada com esse desprezo todo pelo gênero, mas tanta... Olha, tem que ser muito cego para não ver que tem algo de suspeito com o fato de o gênero mais lido no mundo, o gênero que basicamente sustenta a indústria (junto com YA), o gênero que é o mais escrito por mulheres para mulheres, ser tão desprezado e ridicularizado. Eu aposto meus livros todos que se o público alvo dos romances fosse o homem as coisas seriam bastante diferentes.

Então, não, não fale mal de romance perto de mim. Nope.

(E é claro que o babaca do personagem principal tem que relacionar a aparência da mulher, o fato de ela ser casada ou não, com a suposta falta de qualidade do livro dela. Pfff).

(Falar pra vocês que eu passei a maior parte da história torcendo pro Steve tropeçar, bater a cabeça e morrer. Bleh).

E sim, ali tem outra alfinetada a Crepúsculo!!!! Vamos falar mal do livro de vampiros mais famoso dos últimos anos apenas porque sim!!!! Vamos ridicularizar uma obra que tem milhões de fãs!!!! Fãs que podem estar lendo este livro agora mas quem se importa!!! Vamos alienar parte do nosso potencial público!!!!

(E falem o que quiser, mas esse trecho basicamente gritou meus vampiros são melhores do que os seus, Meyer!!!!!!!!!!).

Sinceramente? Acho que no fim das contas o problema é que eu não sou o público alvo desse livro. A maior parte das pessoas vai passar por ele de boa sem se irritar com nada com que eu me irritei, e isso é normal. Homens principalmente, mas mulheres também. Mas eu não curto livro clube do bolinha babaca não, feliz ou infelizmente. E não consigo gostar de um livro se eu não gostar de pelo menos alguns personagens, coisa que obviamente não aconteceu aqui. Não rola, ainda mais quando os personagens são tão imbecis.

Enfim, 2.0 estrelas para Lua de Sangue. 

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3 comentários

  1. Pt 1:
    Bom, antes de mais nada, muito obrigado por sua resenha e pela sua opinião. Eu realmente gostei dela, sério mesmo, principalmente porque suas críticas a diferenciam da grande maioria das resenhas genérias que vejo por ai. Li o texto com o coração saltando pela boca de puro medo de você ter matado e enterrado minha tão ínfima carreira literária, kkkkk, mas devo dizer que, no fim das contas, concordei com você. Sim, Senhores do Anoitecer: Lua de Sangue é um grande clube do bolinha de quase 600 páginas e sou o primeiro a admitir isso, no entanto há um porquê disso. Bem, é esse o momento em que eu peço licença para explicar algumas coisas, e, com isso, não pretendo mudar sua opinião nem nada do gênero, só explicar mesmo.

    Certo... O motivo para toda essa babaquice machista que envolve o mundo de Senhores do Anoitecer vem do fato de que a esmagadora maioria das personagens teve uma criação bastante machista, algumas até a níveis medievais, afinal são seres bem antigos que - sim, parece absurdo por um olhar contemporâneo - consideram até mesmo a leitura de poesias e uso de adereços como uma característica feminina a ser ridicularizada - esse ponto específico vem de uma personagem criada uns dois ou três séculos atrás. Então, é, esse livro tem mesmo uma carga de forçação de barra masculina bem evidente e essa é uma das coisas que já me tirou bastante o sono, ainda mais pela parte da quase inexistência das licantropas. Essa foi uma das coisas que criei lá aos meus remotos 14 anos porque não gostava da ideia estética de uma mulher que assume aspectos de lobo, quer dizer... Ela teria dois seios ou mais, como os lobos? Eles seriam peludos também? Enfim... Foi uma decisão que tomei e que não penso em mudar a essa altura do campeonato, até porque teria de reescrever muita coisa.

    Outro ponto é que, sim, as personagens são bem genérias - eu uso personagem como substantivo feminino mesmo, não é para parecer mais feminista ou algo assim - e confesso que acho difícil dar um estilo de linguagem diferenciado para cada personagem - são tantas kk. Eu estou tentando trabalhar isso e até me programei de dar outra passada pelo Lua de Sangue para melhorar esse aspecto.

    Quanto ao trecho que te fez arrancar - mais - os cabelos, é um dos momentos mais sensíveis da obra e, de longe, o que me custou mais sanidade para publicar. Lemba-se de quando eu te disse, em um email, que o livro estava cheio de maluquices e que, nem por isso, eu era maluco ou concordava com o que estava escrito? kkk Era nesse tipo de coisa que eu estava pensando quando escrevi aquilo.

    Eu achei importante mostrar o posicionamento dessas criaturas quanto ao que é escrito sobre elas e Crepúsculo foi, certamente, a obra mais polêmica que tratou sobre o tema nos últimos tempos, você há de concordar comigo. Em outras palavras, tinha de ser ela, pois era a que todo mundo reconheceria sem que eu mencionasse o nome. Não estou dizendo que sou amente da saga Crepúsculo e tenho aversão ao que minha personagem pensa. Na verdade, acredito que todo livro tem seu público e que essa saga funciona perfeitamente para ele, apesar de eu não gostar nem um pouco de vampiros que brilham no sol e achar mesmo que os vampiros que pegam fogo são muito mais divertidos, kkk - julgue-me por isso, mas é o que eu penso.

    Voltando ao trecho, eu cheguei a reescrevê-lo algumas vezes na tentativa de deixar claro que aquela era a posição do Steve, inclusive fazendo criticas à minha própria obra que se utiliza de alegorias exatamente como a Meyer, porém acabei fazendo conversas cada vez mais longas e viajadas, as quais optei por cortar, junto a vários outros trechos do livro, quando descobri o quão grande Lua de Sangue ficaria após a formatação. Sendo assim, mantive o posicionamento da minha personagem e não me acovardo por isso. No dia em que eu alterar algum elemento de meu trabalho para fazer algo mais comercial, saiba que a decisão não terá vindo de mim - não encaro isso como uma virtude, mas espero que entenda.

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  2. Pt 2:
    Um último detalhe: Não penso que escritores de histórias românticas sejam maiores que escritores de fantasia e subgêneros, tampouco o contrário - ambos são igualmente importantes para a literatura -, até porque muita coisa se mistura nesses dois nichos desde muitas décadas atrás e, atualmente, já temos quase um amálgama dessas linhas literárias. Mas, se você pensa assim, tudo na boa, eu respeito. Também não me ofendo, ainda que possa vir a ser verdade, e não me sinto rebaixado escrevendo o que gosto.

    Bom, agradeço as críticas novamente, eu realmente gostei da sua posição, e desejo sorte com o blog. Ah, e será que posso colocar esse longo e chatíssimo texto nos comentários da postagem como uma forma de redimir? kk

    PS: Aquela parte da escritora solteira e sem tal foi pesada mesmo, eu admito, e está em uma narração que me tirou tanto o sono que acabei nem parando para refletir sobre essa pequena parte... Mas tirei isso de um livro de verdade cuja sinopse li em um eventual sebo da minha região, livro em que um imortal vampiresco é evocado de um livro e se torna o escravo sexual de uma determinada adolescente, aumentando mais e mais seu libido até ser tornar, às palavras da autora - se bem me lembro -, uma 'incessante máquina sexual'. E por ai vai... Mas, não, eu não li o livro e essa não é uma crítica aos livros românticos, até por que não vi nada de muito romântico na sinopse, só me surpreendeu o fato da autora ser uma mulher sem sal e eu acabei colocando isso no livro. Nesse ponto eu peço desculpas mesmo se isso te ofendeu.

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    1. Eu entendo os personagens serem machistas por causa de quando eles nasceram - meu problema foi com o fato de que todos eram assim (ou pelo menos ninguém mostrou não ser); nenhum mudou de opinião com o tempo? Se atualizou, sei lá? Se tivesse um só que não fosse tão babaca eu poderia ter me apegado a ele/a e odiado o resto dos personagens em paz. Acho que em fazer de tantos dos seus personagens machistas/sexistas e até levemente homofóbicos você acabou alienando boa parte dos seus leitores mesmo. Mas não acho, nem de longe, que seu livro tenha se tornado menos comercial por causa disso, já que, em fantasia/sci-fi pelo menos, é bem comum ver protagonistas assim. Eu provavelmente corri mais risco de perder leitores postando uma resenha falando disso (já que, convenhamos, muitos consideram tudo que falei ali frescura e/ou coisa de feminazi, ou sei lá, tentativa de censura) do que você, meu blog sendo minúsculo do jeito que é (tem nem 100 curtidas no Face, afinal de contas lol). Mas acho que se tivesse uma personagem feminina melhor pra mandar o clube do bolinha calar a boca de vez em quando poderia ter sido de grande ajuda no geral.

      Quanto à passagem falando de Crepúsculo... Confesso que ainda não vejo motivo para sua existência. Existem milhares de livros sobre vampiros e lobisomens por aí que não sentem a mínima necessidade de dar uma alfinetada numa série tão popular e/ou mostrar o que os vampiros/lobisomens sentem sobre como os humanos os escrevem, e na raras vezes que isso é feito nenhuma obra em especifico é mencionada, direta ou indiretamente. Eu mesma não gosto de Crepúsculo, mas nunca vou compreender o ódio/aversão/desprezo que tantas pessoas (e entre essas pessoas, os homens em particular) sentem em relação a obra e/ou as alterações que a Meyer fez nas duas raças (aliás, - spoiler? - os lobisomens de Crepúsculo não são lobisomens e sim metamorfos, o que invalida um tanto a fala do Steve). Achei, no geral, uma cena bem desnecessária mesmo, que só serviu mesmo para tornar o Steve mais insuportável e dar a impressão de que o autor considera seus vampiros/lobisomens melhores. Não estou dizendo que você considera (well, eu considero os seus melhores, mas prossigamos lol), mas 9 em 10 pessoas vão ler essa cena e achar isso, o que acaba deixando a coisa toda com um toque de falta de profissionalismo. Se já considerado por alguns falta de profissionalismo um escritor escrever resenhas de livros (o que eu não considero, já que, hm, faço isso), imagine ter um de seus personagens falar mal de outro livro? É complicado.

      Não acho que escritoras de romance sejam melhores que os de sci-fi/fantasia. Acho-as mais divertidas sim, no entanto lol Mas não leio romance - só dar uma olhada no meu Goodreads/Skoob - e nos livros que leio geralmente os romances incluídos como subplot me matam de tédio - só dar uma olhada nas minhas resenhas. E, bem, escrevo fantasia, então seria meio estranho eu considerar romance um gênero melhor. O que me irrita mesmo é como leitores/escritores de sci-fi/fantasia tendem a zombar de romance enquanto choramingam que o resto do mundo zomba e/ou não leva sci-fi/fantasia a sério. Hipocrisia pura com um toque de misoginia que me faz simpatizar bem mais com a comunidade de livros de romance do que com a de livros de sci-fi/fantasia.

      Quanto ao livro que você mencionou, a sinopse é bizarra mesmo, mas tem gosto pra tudo nesse mundo no fim das contas. E ele soa bem mais como livro erótico do que como romance (e eu sou meio que contra zombar de livros eróticos também - ou de qualquer tipo de livro). Confesso que não entendo porque a aparência da autora (estou assumindo que você a achou sem sal graças a uma foto dela, mas posso estar errada) tem que ser levada em conta nesse caso. Os escritores de fantasia que me perdoem, mas 95% deles é um horror aos olhos, e aparência deles nunca entra em questão.

      PS: A desculpa pra não ter licantropas é tão péssima que não vou nem comentar. Mas né, você tinha 14 anos, então...

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