4.0 estrelas fantasia

Resenha: City of Stairs, Robert Jackson Bennett

18:11neo

Série The Divine Cities: City of Stairs | City of Blades | ?
Robert Jackson Bennett
Broadway Books
★★★★

Anos atrás, a cidade de Bulikov exercia os poderes dos Deuses para conquistar o mundo. Mas após seus protetores divinos serem misteriosamente assassinados, o conquistador se tornou o conquistado; a história orgulhosa da cidade foi apagada e censurada, o progresso a deixou para trás e agora ela é apenas outro posto colonial do novo poder geopolítico do mundo. Nessa sufocante e retrógada cidade entre Shara Divani. Oficialmente, a quieta mulher é apenas uma diplomata de rank baixo enviada pelos opressores de Bulikov. Extra-oficialmente, Shara é um dos espiões mais bem-sucedidos de seu país - despacahda para investigar o assassinato brutal de um historiador aparentemente inofensivo. Enquanto Shara persegue o mistério pela geografia política e física em constante mudança da cidade, ela começa a suspeitar que os seres que antes protegeram Bulikov podem não estar tão mortos quanto parecem - e que suas próprias habilidades podem ser tocadas pelo divino também.

Eu adoro história.

Sempre foi minha matéria preferida no colégio e provavelmente sempre vai ser. A Idade Antiga e a Idade Média eram meus assuntos favoritos, assim como a Renascença, mas existem certos períodos que eu literalmente detesto. Ou, para ser mais exata, todos os séculos que vão desde o fim do Renascimento até os dias atuais. 

Okay, sendo sincera eu gosto sim da primeira e segunda guerra mundial, assim como da guerra fria, mas me peça para assistir um filme retratando esses períodos e então veja minha careta em resposta. Não consigo.

Lembra que uma vez eu mencionei que tenho dificuldade em imaginar coisas? Lugares, pessoas, etc, e que por isso usava cores para conseguir imaginar/definir melhor minhas histórias? Isso meio que funciona com qualquer período histórico também. Eu gosto bastante das cores de praticamente todos eles - mas as desses dois/três séculos (sei lá) me dão uma gastura terrível. E reparem que os filmes séries dessa época geralmente usam a mesma paleta de cores: cinza, verde claro, azul claro, preto e marrom. Principalmente o marrom. Eu odeio marrom.

Então eu fujo livros baseados nesse período histórico como o diabo foge da cruz. Ou ainda mais rápido, se duvidar. 

Adivinhe qual foi minha surpresa então quando abri City of Stairs e me dei de cara com um mundo aparentemente no meio/após (depende do lugar) da Revolução Industrial? Quase joguei o tablet na parede. Eu gosto bastante quando um autor mistura tecnologia e magia, mas tipo, tecnologia de hoje ou do futuro. Nada de tecnologia no período marrom da história. Simplesmente não.

Mas é isso que Robert Jackson Bennett faz. Bem, mais ou menos. Magia e tecnologia não se misturam literalmente, mas estão presentes ao mesmo tempo no mesmo lugar. Junte isso aos verbos no presente (que eu também não gosto muito não) e puf, eu já estava meio desanimada já nas primeiras páginas. 

O que só mostra que não se deve julgar um livro por quantos dos seus pet peeves que ele contém. No fim das contas, eu acabei gostando bastante de City of Stairs.

Primeiro porque os personagens são ótimos. Todos eles. E bem, muitas mulheres, e mulheres bem escritas. Eu não lembrava o nome do autor quando comecei a ler, então acabei pausando a leitura pra checar se era uma mulher escrevendo - e não era. Poucas vezes um autor homem conseguiu me convencer tanto ao escrever mulheres, e só por isso o Bennett já ganhou alguns pontinhos comigo. 

Apesar de ter gostado bastante dos dois personagens com POV - Shara sendo a principal, com quase todos os capítulos sendo dela, e Sigrud, seu guarda-costas/faz tudo, tendo um aqui e ali - minha preferida foi Mulaghesh. City of Stairs não é um livro com muito humor, mas quase todas as vezes que senti vontade de rir foi por causa dela. Também gostei bastante do Vohannes, apesar de boa parte da caracterização dele vir das memórias de Shara e não da parte presente da narrativa. 

O plot também foi ótimo e o ritmo, no geral, também. No início achei tudo meio meh, meio mais ou menos, e estava até pensando em largar a história, mas quando as coisas finalmente começaram a acontecer eu não consegui desgrudar do livro. Eu adoro história com deuses mortos ou desaparecidos (cof por isso que estou escrevendo uma cof) e amo livros onde parte do passado foi perdida (parei aqui pra contar e os três projetos que tenho para escrever nos próximos anos tem isso ou seja, é algo que eu gosto MESMO e basicamente o segredo pra eu me interessar por qualquer coisa) (tipo Dragon Age). A escrita do Bennett também é ótima, não muito cheia de floreios, mas muito eficiente 

Outra coisa bem interessante que o autor abordou no livro foi a dinâmica entre povos oprimidos. De inícios, os do Continente/Bulikov oprimiam os Saipuri, e então com a morte dos deuses e a queda da cidade, os Saipuri passaram a oprimir o povo do continente, impedindo-os inclusive de conhecer sua própria história. Isso causa vários conflitos entre os personagens e para o plot no geral.

Duas coisas, porém, me impediram de dar nota máxima para City of Stairs. Primeiro, o final foi um tanto corrido e algumas coisas me pareceram muito… inexplicáveis, ou pelo menos um tanto exageradas. Foi muito fácil derrotar uma pessoa um tanto poderosa, o que tirou um pouco da graça da coisa toda no fim das contas. 

Segundo, tem uma trope no livro que eu odeio. (SPOILERS!!!! É a bury your gays. Não vou falar qual, mas foi ZzZZZzZZ ver outro personagem queer morrer em mais uma narrativa de olha-como-a-sociedade-é-terrível-com-os-gays e blá blá blá). 

Enfim, City of Stairs é sim um livro excelente e eu pretendo continuar a série. 4.0 estrelas.

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2 comentários

  1. Tenho esse livro no Kobo; queria ter lido no ano passado, mas não deu. Achei a premissa ótima e a sua resenha me deixou mais curiosa. Espero gostar. Abs!

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    1. É um livro muito bom, e pelo que dizem o segundo volume é ainda melhor. Vale a pena!

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